Redação Pragmatismo
Economia 31/Jan/2018 às 16:51 COMENTÁRIOS
Economia

Caso Nutella: um ministro de Temer faria o mesmo discurso do ministro francês?

Publicado em 31 Jan, 2018 às 16h51

Caso Nutella na França estimula algumas reflexões: A globalização, é a globalização da miséria? Se isto está ocorrendo na França, o que vai ocorrer no Brasil? Será que um ministro do governo Temer faria o mesmo discurso do ministro francês?

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Rogerio Maestri, Jornal GGN

Nos últimos dias a Internet principalmente o Youtube tem mostrado cenas incríveis que jamais se pensaria ver na quinta economia do mundo, a França.

Se alguém quiser ver mais vídeos dos tumultos ocorridos na França simplesmente utilize as palavras chave no YouTube “Emeutes Nutella” e verão que não estou exagerando, como exemplo coloquei ao todo quatro vídeos não repetidos de diversas regiões francesas.

Saiba mais: Clientes vão à loucura após promoção de Nutella na França

Pois bem o que se passou, a Nutella fez uma promoção nos supermercados Intermarché que em 2007 possuía 1 474 pontos de venda na França (hoje deve estar próximo aos 2.000 pontos de venda) baixando o preço de 4,70 euros para 1,41 Euros. O que ocorreu é que em toda a França hordas de pessoas atacaram os supermercados Intermarché para comprar o máximo possível de Nutella que conseguiam carregar.

As imagens impressionantes, que seriam normais num ataque de consumidores a um dado magazine quando este apresenta uma oferta excepcional é bem mais grave do que se possa pensar. Primeiro não foi um ataque a uma só empresa que oferecia produtos que as pessoas não conseguiam comprar normalmente, como eletrodomésticos ou roupas femininas que são vendidas normalmente a preços artificialmente caros, foi um ataque generalizado em todos os supermercados franceses ao longo de todas as regiões.

Departamento de L’Oise

Departamento de Lot-et-Garonne (região Aquitânia-Limusino-Poitou-Charentes)

Departamento de Toulon (região Provence-Alpes Côte d’Azur)

Reportagem de jornal Francês, não identificada a região

O desespero das pessoas, o empurra-empurra que ocorreu é um sintoma claro de algo extremamente simples, o francês comum está tendo dificuldades de manter o consumo de itens básicos de alimentação e a procura de um alimento totalmente industrializado que pelo seu alto teor de açúcar revela hábitos alimentares totalmente impróprios a saúde das pessoas.

O mesmo problema, já mais atenuado aconteceu na mesma rede quatro dias depois na venda de fraldas descartáveis, quando duas mães saíram no braço.

Vários vídeos aparecem uns verdadeiros vlogueiros idiotas que simplesmente colocam o problema como uma mera distorção de comportamento, porém o que é dito num pequeno resumo de uma entrevista na TV o próprio ministro da agricultura Francês (atual), Stéphane Travert, que apesar de pertencer ao governo Macron faz um diagnóstico que o que falta para todos é dinheiro para sobreviver.

O ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, criticou abertamente a promoção do Intermarché. O representante do governo disse que esse tipo de operação “não é sã” e pediu que isso não se repita. “Não queremos mais ver essas cenas na França”, disse o ministro na manhã desta quarta-feira (31) em entrevista à radio RTL.

Le Maire afirmou ainda que um acordo havia sido assinado entre o Intermarché e outros grandes supermercados para que esse tipo de promoção não seja realizada. “Eles devem cumprir o que prometeram”, declarou.

O ministro disse ainda que essa polêmica teve um lado positivo: “lembrar que temos nove milhões de pobres na França”. Para ele, as pessoas que enfrentaram o caos nos corredores do Intermarché são manipuladas. “Muitos fizeram trajetos de quilômetros para comprar apenas Nutella e, claro, acabam levando outros produtos. Eles são, sem perceber, vítimas dessa promoção”.

Deixo os fatos e os vídeos, deixo também para que as pessoas complementem o que escrevi com seus comentários, só coloco algumas perguntas para a reflexão:

A globalização, é a globalização da miséria?

Se isto está ocorrendo na França, o que vai ocorrer no Brasil?

Será que um ministro do governo Temer faria o mesmo discurso do ministro francês?

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