Redação Pragmatismo
Racismo não 25/Out/2017 às 13:54 COMENTÁRIOS
Racismo não

Campanha de papel higiênico de cor preta revolta movimento negro

Publicado em 25 Out, 2017 às 13h54

Slogan publicitário que promove papel higiênico de cor preta está sendo considerado racista. Campanha usou expressão histórica de luta contra o racismo.

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Andréa Martinelli, HuffPost

Uma expressão histórica de luta contra o racismo foi usada em uma campanha de papel higiênico.

Com a atriz Marina Ruy Barbosa de garota propaganda e com as expressões “Seja Ousado. Seja diferente. Seja #PersonalVipBlack“, a Santher, fabricante de produtos descartáveis e de uso doméstico e detentora da marca Personal, apresentou ao mercado o lançamento e usou a hashtag #blackisbeautiful para isso.

Segundo a fabricante, este é o primeiro papel higiênico preto produzido no País e a ideia é usar a tonalidade como referência de sofisticação e “um novo olhar para a decoração com diferenciação” para quem usá-lo. Por isso a escolha de Marina Ruy Barbosa também:

Ela [Marina Ruy Barbosa] representa a essência deste lançamento, um papel higiênico criado para mostrar que bom gosto e requinte podem estar presentes em todos os momentos do dia a dia das famílias“, explica em nota a líder de marketing da marca, Lucia Rezende, ao G1.

Mas assim que foi postada nas redes sociais, nesta segunda-feira (23), a divulgação do produto gerou repercussão — e muitas críticas.

Alguns não entenderam o propósito da campanha.

Outros criticaram fortemente o slogam usado pela marca, considerado racista.

Criado na década de 1960 por artistas e intelectuais, o “Black Is Beautiful” surgiu para enaltecer características físicas da população negra nos EUA. O movimento chegou até o Brasil, em tradução literal “negro é lindo”.

Um dos posts mais compartilhados até esta terça-feira (24) sobre o tema, é do escritor Anderson França, em que ele explica porque ter um papel higiênico na cor preta não é racista mas o uso do slogan é.

Pessoas morreram para que essa expressão fosse reverenciada até hoje. Pessoas continuam morrendo e essa expressão é mais importante e vital que nunca“, escreveu.

Para ele esta propaganda é “senão um dos mais graves ataques racistas praticados por uma empresa brasileira”:

Numa atitude racista e irresponsável, consciente e deliberada, (a Santher) decidiu que essa expressão deve remeter a papel higiênico, cuja função qualquer pessoa conhece“.

Leia o post completo abaixo:

A repercussão negativa da campanha feita pela agência Neogama chegou até o jornal britânico The Guardian.

Mais tarde, ainda na segunda-feira (23), a marca fez uma edição em um vídeo que tinha sido divulgado com a campanha excluindo a hashtag #blackisbeautiful, segundo o professor da FAAP, Eric Messa:

Marina Ruy Barbosa também apagou a postagem em que anunciava sua participação na campanha. “Um lançamento que eu adorei fazer parte! O primeiro papel higiênico preto do país!“, havia escrito a artista em sua conta pessoal do Instagram, sem mencionar o slogan.

Em nota enviada ao HuffPost, a marca informa que a assinatura contendo “black is beautiful” foi retirada de toda a comunicação da campanha. Leia na íntegra:

A mensagem criativa da campanha para o produto Personal Vip Black foi selecionada com o objetivo de destacar um produto que segue tendência de design já existente no exterior e trazida pela Santher para o Brasil. Nenhum outro significado, que não seja esse, foi pretendido.

Refutamos toda e qualquer insinuação ou acusação de preconceito neste caso e lamentamos outro entendimento que não seja o explicitado na peça.

Desta forma, Santher e Neogama vem a público informar que tal assinatura foi retirada de toda comunicação da campanha e apresentar suas desculpas por eventual associação da frase adotada ao movimento negro, tão respeitado e admirado por nós“.

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