Redação Pragmatismo
Política 20/Jan/2017 às 12:10 COMENTÁRIOS
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“Nota de pesar” de Romero Jucá sobre morte de Zavascki é piada de mau gosto

Publicado em 20 Jan, 2017 às 12h10

Se há uma pessoa no País que não deveria sequer se manifestar sobre a morte de Teori Zavascki, esse alguém é Romero Jucá. Mas o senador optou pelo cinismo

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Romero Jucá divulgou nota de pesar sobre morte de Teori Zavascki. Internautas reagiram

Se existe uma pessoa no Brasil que não deveria sequer se manifestar acerca da morte do ministro do STF, Teori Zavascki, esse alguém é o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB). Mas o senador optou pela desfaçatez.

Nesta quinta-feira, o senador afirmou em sua página oficial no Facebook que “o falecimento de Zavascki é uma grande perda para o país e para a justiça brasileira. O ministro sempre desempenhou um trabalho com precisão técnica e discrição necessária. Todos nós lamentamos a perda e estamos solidários à família, amigos e admiradores”.

A ‘nota de pesar’ divulgada por Romero Jucá contradiz o que o próprio senador pensava sobre Zavascki. O político estava na mira do ministro do STF.

Em um famoso áudio divulgado quando Dilma Rousseff ainda era presidente da República (relembre aqui), Jucá e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, dialogam sobre as possibilidades de ‘estancar a sangria da Lava Jato’, em um grande acordo que envolveria os três poderes para colocar Michel Temer no poder.

Em determinado momento da conversa, Jucá e Machado falam sobre buscar “alguém que tem ligação” com Teori Zavascki.

“Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém”, disse Machado.

“Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou, um cara… Burocrata da… Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça]”, afirmou Jucá.

A conversa entre Machado e Jucá ocorreu em março, pouco antes da votação em que a Câmara aceitou dar continuidade ao processo de impeachment.

Teori Zavasci era o relator da Lava Jato no STF, operação na qual Romero Jucá é investigado e citado em dezenas de delações. Nessa posição, o magistrado tinha o poder de homologar delações e ditar o ritmo dos processos sobre o esquema de corrupção que envolviam pessoas com foro privilegiado — ou seja, deputados, senadores e ministros.

Sergio Machado também é investigado. Em maio, o próprio Teori Zavascki homologou a delação de Machado, que tem menções ao presidente da República, Michel Temer, e a políticos de PMDB, PSDB, PP e PT.

Repercussão nas redes

A manifestação de Jucá sobre o falecimento de Zavascki foi recebida com revolta por internautas.

“Esse era o ‘pacto’? ‘Profecia’ de Romero Jucá se concretizando”, disse o internauta. “Ainda bem que fez uma notinha escrita e não gravou vídeo. Aí não ia dá pra esconder a cara de felicidade”, comentou outro.

“Agora conseguiu botar o Michel lá, fez um pacto com o Supremo e com todo mundo e estancou a Lava Jato, né? Presta atenção, House of Cards”, disse outro usuário, citando a série exibida no Netflix.

“O melhor travesseiro é a consciência limpa! Boa noite, senhor insônia”, disse outro, ironizando Romero Jucá. “Tô tentando entender se esse perfil é do senador ou da mãe Diná. Passou umas rasteiras em todos videntes. Sujo, escroto. Pacto? Profecia se concretizando”, comentou uma internauta.

Homem forte de Temer

Articulador do impeachment, Romero Jucá é um dos homens fortes de Michel Temer. Foi ministro do Planejamento no início da gestão, mas só durou uma semana e meia no cargo.

Jucá pediu demissão justamente após as denúncias de que negociava o fim da Lava Jato se intensificaram. Na época, Temer afirmou que o senador seguiria “auxiliando o governo”, mesmo depois de demitido.

RELEMBRE: Áudios de Romero Jucá têm potencial para parar a República

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