Redação Pragmatismo
Eleições 2016 01/Nov/2016 às 10:20 COMENTÁRIOS
Eleições 2016

O mapa que explica a derrota de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro

Publicado em 01 Nov, 2016 às 10h20

Faltou povo na candidatura “popular” ou faltou “popular” na campanha da esquerda? O mapa da votação no Rio de Janeiro, mais do que qualquer discurso, explica o que aconteceu para qualquer um que queira ver

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Cor lilás representa as áreas onde Marcelo Freixo (PSOL) sagrou-se vencedor: região de maior poder aquisitivo no Rio de Janeiro

Fernando Brito, Tijolaço

A apuração revelou uma vitória mais folgada do que os institutos de pesquisa haviam previsto para Marcello Crivella e ainda maior do que, na esquerda, em algum momentos muitos chegaram a sonhar.

O mapa aí em cima, mais do que qualquer discurso, explica para qualquer um que queira ver: faltou povo à candidatura Freixo.

Porque a Igreja Universal ou mesmo a soma de todas as denominações evangélicas não tem os 75% que o candidato Crivella obteve na Zona Oeste e o quase isso que teve na Zona da Leopoldina.

Lá, só se entra com sentido histórico ou com política e a Freixo, infelizmente, faltaram ambas.

Não (só) por culpa do PSOL ou dele, Freixo, a quem não conheço pessoalmente e não tenho razão alguma para duvidar das boas intenções, nem do talento que possui.

Mas, essencialmente, por alguns fatores que sua campanha conteve e que, em minha opinião, lhe foram fatais.

O primeiro deles foi a negação da política, acreditando nesta bobagem de que engrossar o coro da criminalização da política possa ter alguma serventia à esquerda.

Os criminosos da política vão muito bem, obrigado, e isso só “cola” na mídia quando atinge a esquerda.

O segundo erro é desconhecer que há uma história, que se assenta na memória profunda das comunidades, que não lhes soma negarem. O povão da periferia do Rio de Janeiro já foi Vargas, foi Brizola, foi Lula e ainda é. Se não é, seu pai é, seu avô é, a sua memória o chama para ser.

O terceiro erro explica os dois primeiros: aceitar a ideologia dominante e achar que vai pegar “carona” no discurso uníssono dos meios de comunicação. Pensar que a campanha da Globo contra Crivella era a chave da possibilidade de vitória.

Não: a Globo é imitada, repetida, assistida.

Mas não é amada e menos ainda tem a confiança do povão. E com toda a razão.

Tudo que a Globo disse ao povo que era bom, foi ruim. Tudo o que ela disse que era ruim, o povão sentiu como seu.

Faltou povo na candidatura “popular” ou faltou “popular” na campanha da esquerda?

Politicamente correto sei que sobrou.

E ele não resolve a política real.

Quem quer lutar ao lado do povo não pode achar que ele é um todo e que só nós somos, perdão pela apropriação bíblica, o caminho, a verdade e a vida.

Ps. É bom frisar: a Globo perdeu a eleição onde acha ser seu quintal.

(*texto contém pequenas alterações de tempo verbal)

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