Redação Pragmatismo
Barbárie 08/Jun/2016 às 18:09 COMENTÁRIOS
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Novo vídeo comprova estupro coletivo no Rio de Janeiro

Publicado em 08 Jun, 2016 às 18h09

Vídeo mostra que jovem implorou para não ser estuprada. Adolescente foi estuprada e humilhada com xingamentos. Foram 36 horas nas mãos dos agressores. Nove dias após ser afastado do caso, primeiro delegado que investigou o estupro acaba de ser dispensado do cargo

estupro delegada Cristiana Bento jovem
(Imagem: Delegada Cristiana Bento, responsável pelo caso do estupro coletivo da adolescente)

Perícia no celular de Raí de Souza, jovem de 22 anos que gravou a violência ocorrida contra a menina de 16 anos no Rio, revelou que a vítima implorou para que parassem. A adolescente foi estuprada duas vezes e humilhada com xingamentos. Uma vez às 7h de sábado, 21 de maio, e outra às 19h do domingo, 22 de maio — foram 36 horas nas mãos dos criminosos. Há indicações de que traficantes teriam obrigado moradores a participar, dias depois, de manifestações contra a jovem.

A outra gravação, de acordo com reportagem do jornal Extra, mostra as cenas da violência. Em algumas delas, os homens introduzem objetos nas partes íntimas da jovem desacordada. O laudo completo do celular de Raí será divulgado nesta segunda-feira (6).

Raí tinha informado anteriormente que o celular havia sido jogado fora, mas o aparelho estava guardado na casa de um amigo, em Madureira. Ele e Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, que aparece no vídeo fazendo uma selfie com a vítima, continuam presos.

O novo vídeo comprovou ainda a participação de Moisés Camilo de Lucena, conhecido como Canário, e Jefinho, que estão foragidos. Lucas Perdomo Duarte dos Santos, jogador do Boavista Sport Clube de Saquarema, deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó na sexta-feira, mas ainda é investigado.

“Se alguém tinha dúvida se houve ou não estupro, com esse celular, a dúvida acabou. O que a gente vê é a mão do Raphael (Duarte Belo), a voz do Raphael e, na sequência, vê o estupro de vulnerável consumado”, afirmou a delegada Cristiana Bento. “A polícia sabe que houve estupro de vulnerável.”

Cristiana afirmou ainda que a jovem de 16 anos foi negligenciada pelo Estado. “Essa adolescente foi vítima duas vezes. Foi vítima do estupro e da sociedade. O Estado a negligenciou no moral e no social. Essa investigação trouxe mais dignidade para essa jovem”, afirmou a delegada.

“Vi nas redes sociais dizerem que ela é isso, é aquilo. Ela é uma adolescente e é responsabilidade de todos o desenvolvimento dessa adolescente.”

Delegado afastado

O delegado Alessandro Thiers foi dispensado, nesta terça-feira, da titularidade da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). A exoneração foi publicada em boletim interno da Polícia Civil no início da noite, nove dias após ser afastado das investigações sobre o estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos no Morro da Barão, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, a delegada Cristiana Bento, titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), passou a conduzir o caso.

A decisão de retirar o delegado Thiers foi do Chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso e está publicada no Boletim Interno da Polícia Civil do Rio desta terça.

Thiers chegou a identificar os primeiros envolvidos no caso de estupro da jovem de 16 anos, mas o policial entendeu que não deveria pedir à Justiça a prisão dos suspeitos de violentarem a adolescente.

Thiers foi afastado da investigação do estupro após protestos da advogada Eloisa Samy e do Ministério Público estadual sobre a atuação do delegado no depoimento da adolescente. Na ocasião, Thiers chegou a perguntar a jovem se ela “costumava fazer sexo em grupo”.

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