Médicos dos EUA participam de tortura em Guantánamo
Médicos violaram código de ética ao participar de torturas em Guantánamo. Estudo revela que, além de colaborar com atos de crueldade, doutores ajudavam a conceber práticas de tortura
Um estudo independente, chamado de “Ética Abandonada”, revelou na última semana que médicos militares dos EUA participaram de torturas em Guantânamo e outras prisões da CIA, violando códigos éticos da profissão. Segundo a pesquisa, doutores e psicólogos “formulavam, participavam e permitiam tortura, tratamento cruel, desumano e degradante dos prisioneiros”.
A Fundação Open Society, de George Soros, responsável pela pesquisa, afirma também que, além de participar de torturas, o grupo médico se envolveu na concepção das práticas contra suspeitos de terrorismo que ocuparam prisões da CIA em Guantânamo, em Cuba, ou no Afeganistão, denuncia o relatório. Pentágono e CIA, no entanto, negam as acusações, dizendo que o relatório contém imprecisões e erros.
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O estudo aborda diversas práticas de coerção e tortura, mas concentra-se na alimentação forçada de presos em greve de fome e, também, nos métodos violentos de interrogatório, como a simulação de afogamento (waterboarding) em centros de detenção secretos.
“Fica claro na pesquisa que, em nome da segurança nacional, os militares ignoraram o código de ética dos profissionais da saúde. Eles passaram a funcionar como agentes dos militares, praticando atos contrários à regra e à ética [profissionais]” internacionais e em vigor nos EUA”, afirmou o co-autor do estudo Gerald Thomson, professor de Medicina emérito na Universidade de Columbia, nos EUA.
“Os médicos, enfermeiros, psicólogos e outro pessoal destacado para assistir os doentes ajudaram a conceber, permitiram e participaram de práticas desumanas contra os detidos”, disse em entrevista à imprensa norte-americana.
“O Departamento de Defesa e a CIA alteraram as regras de ética fundamentais para facilitar a participação de profissionais de saúde em abusos contra detidos. Foi isso que aconteceu. E essas distorções ainda existem”, disse Leonard Rubenstein, também co-autor, ao programa da BBC Newsday. Rubenstein denunciou exemplos em que os profissionais de saúde são chamados aos interrogatórios “para procurar vulnerabilidades físicas que os agentes que interrogam possam explorar”.
A investigação foi realizada por militares e peritos legais, especialistas em questões de saúde e ética, e centra-se em especial no papel que desempenharam os profissionais de saúde na alimentação forçada de presos em greve de fome, com tubos. A prática veem sendo frequentemente questionada pelos observatórios de direitos humanos ao redor do mundo.
Opera Mundi, com RT e Público