"Ônibus rosa" é descartado após pressão das mulheres
Pressionado por feministas, vereador retira proposta de 'ônibus rosa' em São Paulo. Veículos exclusivos para mulheres não resolvem problema da violência e ainda provocam segregação, dizem movimentos
Depois de muita pressão do movimento feminista, o vereador paulistano Alfredinho (PT) retirou na última semana o projeto de lei que propunha a criação de ônibus e vagões de trens exclusivos para o transporte de mulheres, em pelo menos metade da frota, nos horários de pico dos dias úteis. A ideia, segundo o vereador, era proteger o público feminino do assédio sexual no transporte público.
Os movimentos organizados de mulheres, no entanto, consideraram o projeto segregacionista e superficial, uma vez que não apresentava proposta educativa ou de punição aos homens pela prática do assédio.
Leia também
-
Mulher que tomou arma de militar durante tentativa de golpe na Coreia do Sul vira símbolo de resistência
-
Senador bolsonarista defende PM que arremessou trabalhador de ponte: “Deveria ser do penhasco”
-
Policiais matam pelas costas e atiram pessoas de ponte porque sabem que Tarcísio aprova
-
Mulher passa mal com Ozempic falso e fabricante explica como evitar droga adulterada
-
Caso de advogada que morreu ao cair de prédio em BH tem reviravolta e não é mais tratado como suicídio
No lugar do projeto, batizado de “ônibus rosa”, será criada uma comissão para discutir políticas públicas contra o assédio sexual e a violência sofridos no transporte público. Entre os integrantes dessa comissão estão a CUT São Paulo, a Marcha Mundial de Mulheres e a Marcha das Vadias, entre outras organizações. Também participarão as secretarias municipais de Transportes e de Políticas para Mulheres.
“A mulher, que tem dupla jornada e volta tarde para casa, não pode ficar nas ruas esperando por um ônibus rosa”, criticou Sonia Auxiliadora, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, durante a sessão da Câmara de ontem.
Representando a Marcha das Vadias de São Paulo, Gabriela Alves disse que o PL reforça a cultura de responsabilização das vítimas.
“A liberdade de ir e vir deveria ser comum a todos e todas, sem jamais pensar que é preciso segregar mulheres, gays ou lésbicas. O transporte que se diz público tem que ter, sim, aparato de segurança para evitar esse e outros tipos de violência”.
O vereador Alfredinho reconheceu que faltou diálogo antes da elaboração do projeto. “Precisamos construir coletivamente outro PL que venha a apontar um caminho eficiente e urgente”, disse.
RBA e CUT-SP