Pussy Riot faz greve de fome contra maus tratos na prisão
Integrante da banda Pussy Riot diz que está submetida a condições "escravas" e que foi ameaçada de morte por um funcionário
Uma integrante da banda russa Pussy Riot que está presa anunciou ontem (23/09) o início de uma greve de fome em protesto contra as condições de vida “escravas” às quais é submetida e supostas ameaças de morte que teria recebido de um funcionário da prisão.
Nadezhda Tolokonnikova está detida desde 2012, quando foi condenada a dois anos de prisão por ter realizado um protesto em uma catedral de Moscou, que a Pussy Riot chamou de “oração punk”, contra o presidente Vladimir Putin em meio a manifestações de rua contra o governo.
Tolokonnikova escreveu uma longa carta detalhando a vida na colônia penal nº 14 na região da Mordóvia, revelando condições desumanas que são uma reminiscência do sistema soviético. “A partir de 23 de setembro, vou começar uma greve de fome e me recusarei a participar do trabalho escravo na colônia”, escreveu no documento, divulgado por seu marido, Pyotr Verzilov.
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Como parte de sua punição, ela deve costurar os uniformes dos policiais e todas as prisioneiras em sua divisão devem trabalhar durante 16 ou 17 horas por dia, começando às 7h30 e não parando antes de meia-noite. Na carta, Tolokonnikova diz que não parará a greve de fome “até que a administração obedeça a lei e pare de tratar as mulheres encarceradas como gado”.
“No melhor dos casos, nós conseguimos dormir quatro horas por noite”, escreveu. “Temos um dia de folga a cada seis semanas. Trabalhamos em quase todos os domingos. Prisioneiros são forçados a escrever requerimentos para trabalhar nos finais de semana, como se fosse uma decisão voluntária”.
Segundo Tolokonnikova, há três semanas ela se queixou ao vice-chefe da prisão e ele informou que sua equipe iria trabalhar apenas oito horas por dia dali em diante. Entretanto, ele explicou que elas ainda teriam que cumprir as metas de produção exigidas, o que seria fisicamente impossível, e, se não o fizessem, todas seriam punidas.
“E se eles descobrirem que tudo aconteceu por sua causa, você definitivamente não vai mais se sentir mal”, o oficial teria dito a ela. “Porque na vida após a morte você não se sente mal”.
As autoridades carcerárias da região da Mordóvia acusaram Verzilov e a advogada de Tolokonnikova, Irina Khrunova, de chantagem e de tentar pressionar a colônia penal a dar um tratamento especial à integrante da banda. Ela deve ser libertada em março do próximo ano, bem como sua colega da banda Maria Alyokhina. Uma outra integrante do grupo teve a sentença suspensa.
Tolokonnikova já havia feito greve de fome este ano, depois que autoridades não a deixaram participar de uma audiência. Ela teve de ser internada no fim de maio e encerrou o protesto dias depois que autoridades prisionais aceitaram suas demandas, segundo Verzilov.