Redação Pragmatismo
Lula 10/Out/2025 às 21:24 COMENTÁRIOS
Lula

Lula defende soberania do Brasil em reaproximação com os EUA

Publicado em 10 Out, 2025 às 21h24
Lula defende soberania Brasil reaproximação EUA
Lula participa do anúncio do novo modelo de crédito imobiliário

Durante o lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário nesta sexta-feira (10), em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a retomada do diálogo com o presidente norte-americano, Donald Trump, e destacou que divergências entre as duas maiores economias do Ocidente devem ser tratadas “com democracia e respeito”.

“Não podemos passar discórdia para o resto do mundo. Se tem divergência, vamos colocar na mesa e conversar. Não tem nenhum assunto que não possa ser tratado comigo”, afirmou Lula, ao relatar o teor da conversa que teve com Trump nesta semana.

A ligação entre os dois mandatários foi a primeira conversa formal desde que a crise diplomática se agravou, após Washington impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, a reaproximação simboliza o início de um processo que “nunca deveria ter sido truncado”.

“O Brasil não tem interesse em brigar com os EUA”

O presidente afirmou que o encontro serviu para restabelecer uma relação que, na sua visão, foi interrompida sem necessidade. “Nunca tratei nenhum presidente de forma desrespeitosa por razões ideológicas. O Brasil não tem interesse de brigar com os Estados Unidos. E se a gente brigar e ganhar, o que vamos fazer? É melhor não brigar. Sentamos à mesa, assinamos um documento e seguimos em frente”, disse.

Lula reforçou que o Brasil continuará diversificando suas exportações, especialmente na Ásia, para não depender de decisões unilaterais da Casa Branca. “Se ele [Trump] não quer comprar, a gente vende na China, na Ásia ou em outros mercados. Não dá para depender do humor do presidente de outro país”, declarou.

Em tom crítico, condenou a subserviência em relações internacionais: “Se você acha que lamber botas ajuda, vai cair do cavalo. As pessoas respeitam quando percebem que você tem autoridade moral e caráter”, disse, sendo aplaudido pelo público.

Nova fase diplomática

Nos bastidores, auxiliares do Planalto avaliam que a mudança de postura em Washington representa uma “correção de rumo” e que o governo norte-americano passou a reconhecer a relevância do Brasil no comércio global. Apesar do otimismo, o próprio governo admite que a relação ainda vive um período de “descontaminação política” e que a reconstrução da confiança exigirá energia e tempo.

Lula brincou com a idade ao comentar o diálogo com Trump: “Ele é oito meses mais novo que eu, então tenho o direito de falar mais grosso. Nós dois, com 80 anos, não podemos passar desavença para o mundo. Temos que passar harmonia”.

Tensão política com Tarcísio e derrota no Congresso

O evento em São Paulo ocorreu em meio ao aumento da rivalidade política entre Lula e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador não compareceu à cerimônia, no mesmo dia em que lançou um mutirão habitacional pelo programa Casa Paulista.

Nos últimos dias, Tarcísio foi acusado por aliados do governo federal de atuar contra a medida provisória do IOF, em uma articulação que resultou em derrota para o Planalto. O governador negou e classificou as acusações como “mentiras do PT”.

Crédito imobiliário e geração de empregos

Além da pauta internacional, o governo anunciou a modernização do modelo de captação de recursos pelos bancos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Segundo o Planalto, a mudança deve ampliar os financiamentos habitacionais, sobretudo os enquadrados no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), voltados para a classe média.

A expectativa é que a medida estimule a construção civil e a geração de empregos. “Crédito imobiliário é um dos principais indicadores da força de uma economia. E, na vida das pessoas, significa acesso à casa própria”, afirmou o presidente interino do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Ao encerrar o discurso, Lula buscou transmitir confiança sobre o futuro do país: “O Brasil precisa de uma chance. Não podemos crescer e depois cair de novo. Temos que crescer de forma sustentável, com estabilidade política e econômica”.

→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… Saiba que o Pragmatismo não tem investidores e não está entre os veículos que recebem publicidade estatal do governo. Fazer jornalismo custa caro. Com apenas R$ 1 REAL você nos ajuda a pagar nossos profissionais e a estrutura. Seu apoio é muito importante e fortalece a mídia independente. Doe através da chave-pix: [email protected]

Recomendações

COMENTÁRIOS