Redação Pragmatismo
Notícias 14/Dez/2023 às 08:38 COMENTÁRIOS
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Polícia Federal divulga novas mensagens que comprometem influencer de Renato Cariani

Publicado em 14 Dez, 2023 às 08h38

Renato Cariani passou as últimas horas nas redes afirmando que não sabia do que se tratava a investigação contra ele. As investigações apontam que a ascensão financeira do influencer pode ter ocorrido de maneira ilegal

Renato Cariani
Renato Cariani

O empresário e influenciador fitness Renato Cariani passou as últimas horas nas redes sociais fingindo que não sabia do que se tratava a investigação contra ele, além de postar uma seleção dos seus vídeos mais emotivos como coach, na tentativa de sensibilizar os milhões de novos usuários que visitavam o seu perfil.

A Polícia Federal, então, decidiu divulgar prints de mensagens que comprovam o envolvimento de Cariani em práticas criminosas. Em conversa com sua sócia na indústria química, o influencer fitness chama policiais civis de ‘vermes’.

“Arrumar tudo para esperar esses vermes [policiais]. Apaga agora essas mensagens”, diz Cariani. Em outra mensagem, divulgada anteriormente, Cariani diz: “Graças a Deus essa semana é curta. Poderemos trabalhar no feriado para arrumar a casa e fugir da polícia”.

Em outro trecho, o influenciador afirma: “Ainda falta a estação de efluentes, o corredor de estoques que ainda possui produtos vencidos. Também precisamos arrumar o mapa da [polícia] Civil, vão vir babando […] Acho que a polícia pode vir ainda essa semana, por isso quero que passe rápido”.

Em outra parte da conversa, a sócia de Cariani sugere que eles removam rótulos de produtos químicos com o objetivo de vendê-los para empresas que não possuem autorização da Anvisa para compra.

Cariani fez muito sucesso nas redes sociais e conquistou milhões de seguidores vendendo a ideia ser “um cara que veio do nada” e que conquistou seu “primeiro milhão aos 27 anos” de idade, “através de muito esforço, perseverança e inteligência”. Agora, as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo apontam que essa ascensão financeira ocorreu de maneira criminosa.

O Ministério Público coloca Cariani e sua sócia no topo da quadrilha sob suspeita, como integrantes do núcleo responsável pela venda dos produtos químicos destinados à preparação das drogas.

Outro integrante desse núcleo seria Fábio Spínola, que também é apontado como ‘principal elo entre as empresas químicas e os interessados nos insumos’. Spínola faz parte do ‘núcleo encarregado de intermediar o fornecimento das substâncias controladas à produção de entorpecentes’.

A Promotoria aponta ainda que o grupo ‘ocultava os reais beneficiários do esquema’ formado por 14 investigados que ‘agiram de modo a blindar os verdadeiros nomes da associação’.

VÍDEO com os prints:

ELO DE CARIANI COM O TRÁFICO

De acordo com novas informações divulgadas pela Polícia Federal, o esquema de Renato Cariani abastecia uma rede criminosa de tráfico de drogas internacional comandada por criminosos do PCC.

O principal elo entre Cariani e a facção seria, segundo a investigação, Fábio Spinola Mota, apontado como membro PCC e preso no início deste ano em outra operação da PF, a Operação Downfall, que investigou esquema de “tráfico internacional e interestadual de drogas, com diversas ramificações no país”.

Durante essa outra investigação, a cargo do núcleo da PF do Paraná, em abril, foram realizadas prisões, apreensão de cerca de 5,2 toneladas de cocaína e bloqueio de bens estimados em R$ 1 bilhão.

Mota, que ficou preso até o mês passado, foi um dos alvos da operação da PF de São Paulo, a Hinsberg -além do próprio Cariani e de Roseli Dorth, a sócia do influenciador em uma empresa para venda de produtos químicos, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., em Diadema.

A polícia chegou a pedir a prisão deles, o que foi negado pela Justiça. Na casa de Mota, os policiais encontraram R$ 100 mil em espécie.

Renato Cariani e Fábio Spinola, representante do tráfico de drogas

COMO COMEÇOU A INVESTIGAÇÃO

Dois depósitos que somam R$ 212 mil em uma conta da empresa Anidrol fundamentaram o início das investigações da PF sobre desvio de produtos químicos para a produção de crack.

Documentos mostram que a empresa biofarmacêutica AstraZeneca pediu à PF, em julho de 2019, a instauração de um inquérito policial sobre notificações que havia recebido da Polícia e da Receita Federal referentes a supostos depósitos e movimentações financeiras que teria feito para a Anidrol.

A primeira notificação ocorreu em 17 de abril de 2017, sobre supostas infrações administrativas cometidas pela AstraZeneca ao fazer movimentações não informadas, referentes a três notas fiscais emitidas pela empresa da qual o influenciador é sócio.

Já a segunda intimação foi enviada pela Receita à empresa biofarmacêutica em meados de fevereiro de 2018. O órgão questionava dois depósitos realizados em 2015 e 2016, nos valores de R$ 103,5 mil e R$ 108, 5 mil, à Anidrol.

A empresa do influenciador, ainda segundo o pedido de abertura de inquérito, teria informado à Receita Federal que havia vendido cloreto de lidocaína para a AstraZeneca. A biofarmacêutica nega.

“A AstraZeneca nunca manteve qualquer relação comercial com a empresa Anidrol, a qual não está cadastrada na relação de fornecedores da AstraZeneca, o que impede que qualquer pagamento tenha sido realizado em seu benefício”, disse biofarmacêutica.

No dia 10 de maio de 2019, a AstraZeneca teria recebido nova intimação fiscal sobre emails que a biofarmacêutica teria trocado com um representante da Anidrol. Um homem identificado como Augusto Guerra seria o colaborador da AstraZeneca.

Mais uma vez, a biofarmacêutica negou que tenha trocado os emails e que o representante tenha ligação com a empresa. A AstraZeneca ainda anexou ao pedido de inquérito um print de uma busca em um site de domínios IPs em que o endereço utilizado por Guerra aparece como de sua própria titularidade, desvinculado da empresa.

“O senhor Augusto Guerra nunca foi colaborador da AstraZeneca, o que reforça as suspeitas de que o nome e os dados da empresa AstraZeneca estão sendo utilizados indevidamente por terceiros”, disse a empresa.

Renato Cariani

Renato Cariani é um fisiculturista brasileiro com 7 milhões de inscritos em seu canal no YouTube — o que o torna o maior influenciador fitness do Brasil. Graduado em Química pela Universidade Metropolitana de Santos, ele exibe em suas biografias nas redes sociais que é professor de química, além de professor de educação física, empresário e youtuber.

Somadas todas as redes sociais, Renato Cariani tem mais de 13,6 milhões de seguidores. Ele se apresenta como coach e instrutor de condicionamento físico. O influencer costuma exibir detalhes de sua vida luxuosa nas redes, com diversos carros importados e mansões.

Renato Cariani também é sócio da Supley, maior fabricante de suplementos da América Latina, responsável pelas marcas Max Titanium e Probiótica. O grupo faturou R$ 830 milhões no ano passado, e a projeção é superar R$ 1 bilhão em 2023.

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