Redação Pragmatismo
Notícias 19/Ago/2023 às 14:33 COMENTÁRIOS
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Operação vazou: Chefes da PM de Brasília presos pela PF tiveram tempo de eliminar provas

Publicado em 19 Ago, 2023 às 14h33

Alto comando da PM do DF apostava em golpe e pressão popular para manter Bolsonaro no poder, revelam documentos. Comandante preso ontem encaminhou áudio que chamava Alexandre de Moraes de “vagabundo” e pregava golpe igual ao de 64 para salvar o país "de Lula e do comunismo". Embora tenham sido presos, operação vazou com horas de antecedência e eles tiveram tempo de eliminar provas

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Alexandre de Moraes e Klepter Gonçalves (Nelson Jr./SCO/STF/Joel Rodrigues/Agência Brasília)

Preso nesta sexta-feira (18) pela Polícia Federal (PF), o atual comandante da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal (DF), Klepter Rosa Gonçalves, encaminhou áudios no WhatsApp que chamavam o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de “vagabundo” e apoiavam um golpe militar no Brasil aos moldes de 1964.

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As mensagens constam na denúncia do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA) da Procuradoria-Geral da República (PGR), que foi repassada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Após a representação da PGR, a Polícia Federal (PF), na manhã desta sexta, cumpriu mandados expedidos por Moraes e prendeu, além de Klepter Rosa, outros coronéis do Comando da PM do DF, incluindo o ex-comandante da PMDF, Fábio Augusto Vieira.

Na denúncia do GCAA, consta que no dia 28 de outubro do ano passado, dois dias antes do segundo turno das eleições, Klepter Rosa, que na época ocupava o cargo de subcomandante da PMDF, encaminhou mensagens em áudio para o então comandante da PMDF, Fábio Augusto Vieira. Nos áudios, o ministro Alexandre de Moraes é chamado de “advogado de facção”, “vagabundo”, “ladrão” e “safado”.

“Nas mensagens, expressa-se que o pleito eleitoral já estaria “armado” e que “as Forças Armadas saberiam disso” – fomentando teorias conspiratórias e antidemocráticas”, afirma a denúncia.

Leia abaixo trecho do áudio encaminhado pelo atual comandante da PM do DF:

“Na hora que der o resultado das eleições que o Lula ganhou, vai ser colocado em prática o art. 142, viu? Vai ser restabelecida a ordem. Se afasta Xandão, se afasta esses vagabundo tudinho e ladrão, safado, dessa quadrilha… Aí vocês vão ver o que é por ordem no país. Não admito que o Brasil vai deixar um vagabundo, marginal, criminoso e bandido, como o Lula, voltar ao poder” — Áudio apócrifo encaminhado pelo atual comandante da PMDF, Klepter Rosa.

As mensagens em áudio continuam, afirmando que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Exército Brasileiro teriam preparado um golpe de Estado, aos moldes de 1964, que demandaria um levante popular.

“Rapaz, vocês tem que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especi… as Forças Armadas aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64. O povo vai pras rua, que ninguém vai aceitar o Lula ser.. ganhar a Presidência, porque não tem sentido. O povo vai pedir intervenção e aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, conclui o áudio enviado por Klepter Rosa.

Segundo os investigadores, Fábio Augusto Vieira, à época o comandante-geral da PM do DF, repassou os mesmos áudios em diante, para o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, que também está entre os alvos da ação da PF desta sexta, e é comandante do 1º Comando de Policiamento Regional.

O governo do Distrito Federal se manifestou dizendo que “recebe a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com acato e respeito, aguardando o desfecho do inquérito. Como ocorreu desde o primeiro momento, o GDF participa com informações e diligências para que o processo em curso ocorra da forma mais justa e célere possível. O trabalho da Secretaria de Segurança Pública do DF se mantém com o mesmo empenho para que a população não seja prejudicada”.

OPERAÇÃO VAZOU

Lamentavelmente, a operação contra a alta cúpula da PM do DF vazou com horas de antecedência. A notícia sobre a operação foi divulgada pelo site Metrópoles às 19h27 da noite de quinta-feira. Os agentes da Polícia Federal só tocaram as campainhas dos alvos na manhã de sexta-feira.

Ou seja, deu tempo de limpar as gavetas, esconder celulares e até fugir. Quando a informação alcança os encrencados antes da chegada dos rapazes da PF, a ação policial vira caso de polícia. É recomendável abrir uma investigação para investigar o inquérito.

PMs apoiaram golpistas

A cúpula da PM da capital federal entrou na mira dos investigadores antes mesmo do 8 de janeiro. Ainda em dezembro de 2022, quando bolsonaristas tentaram, no dia 12, invadir o prédio da Polícia Federal, a corporação foi criticada por demorar a agir.

Embora as investigações sejam conduzidas pela PF, por ordem de Alexandre de Moraes, foi a PGR comandada por Augusto Aras que solicitou as prisões cumpridas nesta sexta-feira e denunciou os policiais militares.

Já no 8 de janeiro, a PM, segundo os investigadores e autoridades federais, deveria ter feito um bloqueio para evitar a entrada dos golpistas acampados no Quartel-General do Exército na Esplanada dos Ministérios.

Como os bloqueios feitos foram frágeis, os bolsonaristas conseguiram acessar a Praça dos Três Poderes para invadir e depredar o Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.

Para a Procuradoria, a ação se deu devido à contaminação política da cúpula da corporação e a adesão dos comandantes das tropas a “teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”.

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