Redação Pragmatismo
Notícias 31/Mar/2023 às 13:51 COMENTÁRIOS
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Perito é condenado por manipular laudo do acidente que matou filho de Alckmin

Publicado em 31 Mar, 2023 às 13h51

Perito que analisou acidente que matou filho de Geraldo Alckmin é condenado. Ministério Público aponta que Hélio Rodrigues fez laudo falso e quase mudou rumos da investigação. Análise fraudulenta também resultou no indiciamento de outras pessoas indevidamente

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Geraldo Alckmin no enterro do filho Thomaz

O perito do Instituto de Criminalística (IC) Hélio Rodrigues Ramaciotti foi condenado por falsa perícia e outras irregularidades no trabalho de elaboração do laudo sobre a queda de helicóptero que resultou na morte de Thomaz Alckmin, filho do então governador de São Paulo e atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. A tragédia aconteceu em 2015.

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A Justiça de SP sentenciou Hélio Ramaciotti a 3 anos de prisão, mas a pena foi convertida para prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário mínimo a uma entidade pública ou privada com destinação social. Conforme determinou a juíza Carolina Hispagnol Marchi, Ramaciotti também deve perder o cargo como servidor público.

O helicóptero caiu na cidade na Grande São Paulo. A Seripatri, empresa responsável pela aeronave à época, disse que um piloto e três mecânicos faziam um voo de teste depois de uma manutenção preventiva. Só depois foi informado que havia uma quinta vítima.

Morreram na queda, além de Thomaz Alckmin, o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves, de 53 anos, e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, de 42 anos, Erick Martinho, de 36 anos, e Leandro Souza, de 34 anos.

Na denúncia feita pelo Ministério Público, os procuradores afirmam que o perito fez diversas afirmações falsas no inquérito policial. A denúncia foi apresentada em março de 2018 pela promotora Camila Moura e Silva à 1ª Vara Criminal de Carapicuíba, na Grande São Paulo.

No documento, ela apontou os seguintes erros:

1. O perito afirmou que um painel de chaves do helicóptero não estava danificado e tinha as chaves em posições adequadas, mas fotos na denúncia mostram que isso não é verdade;

2. O perito disse que o veículo tinha um certificado diferente do que realmente tinha. “Dentro das hipóteses para a queda que estavam sendo abordadas naquele momento fazia toda a diferença atestar se a aeronave tinha certificado FAR 27 ou 29”, diz a denúncia;

3. Em seu lado, ele escreve que teve contato com uma aeronave que era a versão militar do helicóptero que se acidentou, mas, segundo a promotora, na verdade, tratava-se de versão de outro modelo;

4. Perito usou informações sobre exames das quais não participou ou realizou, como análise de combustível e fluído hidráulico. “Comparando seu laudo com o da aeronáutica, percebeu-se que se tratava de cópia integral”, disse a promotora.

De acordo com o MP, as informações falsas, aliadas a outros erros da investigação, “quase fizeram mudar os rumos do inquérito policial”. Por conta do laudo falso, funcionários de uma empresa de manutenção foram indiciados indevidamente pela polícia. Investigações posteriores apontaram, no entanto, que as falhas não eram de responsabilidade do setor de manutenção.

Thomaz Alckmin trabalhava como piloto de helicóptero na rede de farmácias Farma Conde, de São José dos Campos (SP). Na ocasião do acidente, o filho do ex-governador voava como passageiro, a convite de tripulantes em aeronave de outra empresa. Ele tinha duas filhas, uma de dez anos e outra com apenas um mês.

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Geraldo Alckmin e sua família: Thomaz é o primeiro da esquerda (Reprodução/Facebook/Lu Alckmin)

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