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Mulheres violadas 17/Jan/2023 às 17:23 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Jovem saudável vai dar à luz em hospital e volta com mão e punho amputados no RJ

Publicado em 17 Jan, 2023 às 17h23

Jovem de 24 anos se internou em hospital particular no Rio para ter bebê, mas acabou tendo a mão e o punho esquerdos amputados. "Ainda estou tentando entender. Só sei que foi um erro médico. Não sei o que fazer agora, nem com o meu trabalho. Eles tiraram qualquer tipo de oportunidade que eu teria", desabafou a vítima

Gleice Kelly Gomes
Gleice Kelly Gomes

Uma mulher internou em um hospital particular no Rio de Janeiro para dar à luz ao seu terceiro filho, mas acabou tendo a mão e punho esquerdos amputados. Gleice Kelly Gomes, de 24 anos, afirmou que não sabe o que aconteceu. “Ainda estou tentando entender. Só sei que foi um erro médico. É muito triste tudo isso”.

A jovem deu entrada no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá no dia 9 de outubro de 2022, quando estava com 39 semanas. Assim que o bebê nasceu no dia 10, de parto normal, a equipe médica identificou uma hemorragia grave na paciente, que precisava ser tratada.

Foi então que fizeram um acesso na veia para passar os medicamentos, mas a paciente já estava desacordada. Em menos de 12 horas, o braço de Gleice começou a apresentar complicações:

“Eu estava mole, sonolenta, quando acordava, sentia minha mão dolorida e muita ardência. Cada vez que acordava, sentia mais ardência e mais inchaço. Ele foi ficando rosado, até que ficou muito roxo”, disse Gleice.

A mulher estava acompanhada do marido e de sua mãe, que ouviram que o acesso ficou muito tempo no mesmo braço e por isso estava inchando. “Só quando os dedos já estavam roxos, foi que tiraram o acesso do braço esquerdo, colocaram no pescoço e no braço direito”, disse a paciente.

Enquanto o braço de Gleice gerava preocupação na família, a equipe médica estava preocupada com a hemorragia que precisava ser tratada e com a transferência hospitalar que deveria ser feita, já que no Hospital da Mulher Intermédica não tinha CTI.

Por volta de meia-noite do dia 12, Gleice chegou ao hospital de São Gonçalo, na região metropolitana no Rio. A unidade perguntou para família o que estava acontecendo com a mão da paciente, já que o hospital que realizou a transferência não deu detalhes sobre o quadro de saúde.

“Ligaram dizendo que precisavam amputar”

Quatro dias após a transferência médica, o marido de Gleice recebeu uma ligação do hospital dizendo que ela precisaria amputar a mão e o punho.

“Eles ligaram dizendo que tinham que amputar o antebraço da minha esposa, porque não tinha jeito, se não ela poderia perder a vida ou o braço todo. Eu fiquei chocado, ninguém sabia explicar o motivo, ninguém saber dizer o motivo de ter chegado a esse ponto”, disse Marcio de Oliveira Barbosa, 29, profissional de construção civil, que precisou deixar o trabalho para cuidar da esposa e dos três filhos – 8 e 4 anos e o mais novo de 3 meses.

A mulher trabalha como fiscal de caixa de um supermercado e está de licença.

“Nem sei como vou fazer agora, nem com o meu trabalho, porque sempre usei as minhas duas mãos para tudo. Eles tiraram qualquer tipo de oportunidade que eu teria. Tiraram a oportunidade de amamentar meu filho, de dar banho, de ficar com ele nos primeiros dias, fiquei mais de 13 dias longe dele e 18 dias internada”, lamentou a mulher.

Além das dificuldades com o bebê, a jovem lamenta ter ficado dependente da ajuda das pessoas para fazer atividades simples do dia a dia.

“Estou me readaptando, não posso fazer nada sozinha. Não consigo sair na rua com meus outros dois filhos sem ajuda. Minha família está sempre tentando me acolher, me ajudar em tudo. Tinha minha mão há 24 anos, estou tendo que me reinventar, me redescobrir, começar do zero”, disse a mulher.

Polícia investiga

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caso e disse em nota que a 41ª DP, Tanque, fez o registro como lesão corporal culposa. “Testemunhas estão sendo ouvidas e os documentos médicos foram requisitados para ajudar a esclarecer o caso”, disse a instituição.

A advogada da família da jovem entrou com uma ação judicial contra o hospital e espera poder ajudar a família com toda a assistência possível.

“Estamos tomando todas as medidas judiciais possíveis, tanto administrativamente como judicialmente. Administrativo com os órgãos do Cremerj, ANS, Coren para levantar responsabilidade médica, dos enfermeiros e hospitalar. Já na parte civil, vamos pedir indenização por danos morais, materiais e estético”, disse Monalisa Gagno, advogada da vítima.

Em nota, “o hospital declara que está totalmente solidário com a vítima, e lamenta profundamente o ocorrido. Reitera o empenho em apurar com toda seriedade, transparência e atenção os procedimentos médicos e hospitalares adotados durante seu atendimento”.

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