Danilo Espindola Catalano
América Latina 31/Ago/2022 às 20:41 COMENTÁRIOS
América Latina

Desunião só quando convém

Danilo Espindola Catalano Danilo Espindola Catalano
Publicado em 31 Ago, 2022 às 20h41
Imagem (Folha Pernambuco)

Me parecem razoáveis as decisões do presidente do Chile Gabriel Boric de chamar o embaixador chileno no Brasil após as falas mentirosas do presidente Jair Bolsonaro durante o primeiro debate da campanha presidencial no Canal Bandeirantes.

Durante o debate o presidente brasileiro afirmou que o presidente Boric ateou fogo em ônibus e no metrô do país durante os protestos de 2019, sendo que isso além de ser uma mentira sem precedentes, também coloca o presidente chileno em uma posição internacional e nacional difamatória, em que poderiam facilmente vinculá-lo a atitudes violentas, por supostamente não respeitar as instituições que hoje representa. O presidente do Chile, Gabriel Boric, foi realmente um dos lideres dos protestos de 2019, pela nova constituição no pais, mas com certeza não apoiou atos violentos, sejam eles protagonizados pelos protestantes ou pela policia, que mutilou vários dos olhos de muitos chilenos.

O processo marcou uma mudança drástica na visão dos países latino-americanos por sobre o governo de Jair Messias Bolsonaro (PL), até por isso, o presidente Boric em uma postagem dos jornais nacionais, afirmou que os países latino-americanos devem estar preparados para se o ele decida realizar um golpe.

Tudo isso, por conta do que nas eleições de 2018, diziam que era só “brincadeira” do presidente, desta vez, mais uma vez, parece que a repercussão do que diz sem pensar ou os fake news que solta sem medo, podem causar umas resposta a altura, mas não das “brincadeiras”, mas de uma diplomacia na América Latina, que com este governo o Brasil já não faz parte.

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Em primeiro momento, pode nos parecer que um conflito com países vizinhos, pode não ser algo tão grave, mas vale lembrar o contexto latino-americano atual e as desvinculações brasileiras aos órgãos bilaterais da região, o que enfraquece a soberania compartilhada que tanto sonharam os presidentes do início do século. Desta forma, podemos entender melhor o processo, que se inicia por mera falta de relação econômica, para insultos e ditos mentirosos, como o de que Alberto Fernández é culpado pela crise que se agravou na Argentina, sendo que o governo que destroçou a economia foi o ex-presidente Maurício Macri, por isso ele perdeu no primeiro turno das eleições argentinas.

A América Latina está mudando e se nestas eleições o Brasil não muda, a pressão política da região, poderá, após as declarações de Gabriel Boric, serem muito mais drásticas para o país de como está sendo nestes quatro anos de retrocesso e desvinculação do país com os países irmãos. Mas o que é interessante, é que atacar estes países como a Argentina e o Chile foi fácil, mas na hora de abrir o mercado para o estrangeiro e perceber que este procedimento está favorecendo a venda de gás da Bolívia um governo de esquerda, não há críticos, como nos mostrou o Telesur, não vemos os apoiadores do governo criticarem as estratégias.

 

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