Redação Pragmatismo
Notícias 07/Jul/2022 às 19:45 COMENTÁRIOS
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Grávida morta há dois meses é 'intimada' a prestar depoimento no Paraná

Publicado em 07 Jul, 2022 às 19h45

Grávida morta há dois meses é intimada pela polícia a depor sobre o próprio acidente em Curitiba. "A gente ser obrigado a ir na delegacia para dizer que ela não pode depor porque está morta é, no mínimo, revoltante", diz mãe da vítima. Homem que provocou a tragédia está em liberdade

Manuela Queiroz Vincentini
Manuela Queiroz Vincentini

Manuela Queiroz Vicentini, 19, estava grávida de seis meses quando morreu em um acidente de trânsito no final de abril deste ano em Curitiba (PR). O carro onde a jovem estava foi atingido por um motorista chamado Samuel Alisson Soares Barbosa, que dirigia embriagado e furou a preferencial.

Pouco mais de dois meses após a tragédia, familiares de Manuela estão indignados com uma ‘intimação’ enviada pela polícia para que a jovem vá até a delegacia prestar depoimento sobre o acidente que tirou a sua vida.

“Eu não sei como funciona isso, esse tipo de coisa, de documentos, mas a gente ter que ir na delegacia para falar ‘olha, minha filha não tem como depor porque ela não está mais aqui’ é, no mínimo, muito revoltante”, comentou Adriana Queiroz, mãe da vítima.

Segundo as investigações, depois de furar a preferencial o carro dirigido por Samuel Alisson atingiu o veículo em que estava Manuela Vicentini e o marido Carlos Daniel, que sobreviveu.

A intimação pela Polícia Civil foi entregue à família no fim do mês passado, com data de 20 de junho, e pedia que o casal comparecesse à delegacia duas semanas depois para prestar depoimento em uma segunda investigação relacionada ao acidente.

“Recebemos uma intimação para ser testemunha de um fato que não ocorreu. O causador do acidente alega que foi agredido pelos policiais e está tentando desviar o foco do crime que matou minha mulher e meu filho. É inacreditável isso que aconteceu”, desabafa o viúvo Carlos Daniel. “Como a delegacia não sabe que ela faleceu?. O motorista continua solto, só recolheram a carteira de habilitação dele até agora”, continua.

Samuel foi preso em flagrante por lesão corporal qualificada e embriaguez ao volante. A Justiça decidiu soltá-lo menos de 24 horas depois. A defesa afirma que Samuel está em liberdade, mediante o cumprimento de medidas cautelares e possui “recurso em sentido estrito no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná que versa sobre a competência da Vara do Tribunal do Júri para julgar este caso”.

Sobre a intimação para o depoimento de Manuela, o delegado titular do 7º Distrito Policial, Nasser Salmen, reconheceu o erro. “A Polícia Civil do Paraná pede humildemente desculpas aos familiares. Não houve má-fé e desrespeito no caso da jovem que faleceu. No sistema da Polícia Civil não aparece a atualização do óbito dela, já que ela morreu no hospital e não no local do acidente. Jamais faríamos isso. Somos seres humanos e cometemos erros. Não tínhamos informações e é um equívoco justificável”.

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