Redação Pragmatismo
Política 08/Jun/2022 às 09:55 COMENTÁRIOS
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Indigenista desaparecido foi dispensado do cargo na Funai por pressão de ruralistas

Publicado em 08 Jun, 2022 às 09h55

Servidor concursado da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Pereira era alvo de pressões de ruralistas e foi dispensado pelo governo Bolsonaro da função de coordenador-geral de Índios

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Imagem: Bruno Jorge | G1

RBA

Servidor concursado da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Pereira era alvo de pressões de ruralistas, que se intensificaram sob o novo e favorável (para eles) governo.

Tanto que ainda no primeiro ano da atual gestão, em 2019, saiu a Portaria 1.597 do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a dispensa de Bruno da Cunha Araújo Pereira da função de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial da Funai. A dispensa é assinada pelo secretário-executivo do ministério, Luiz Pontel de Souza, que era delegado da Polícia Federal. O titular da pasta era o ex-juiz Sergio Moro.

Na época, a Funai tratou o episódio como normal, porque a fundação passara por mudança de comando recentemente. Em julho daquele ano, outro delegado da PF, havia assumido a presidência. Em novembro de 2021, o Parlaíndio Brasil ajuizou ação popular para pedir seu afastamento. Para a entidade, ele não se mostrava compatível com o cago e não dialogava com as lideranças indígenas.

Atualmente licenciado, Bruno Pereira está na Funai desde 2010 e é visto como conhecedor profundo de assuntos relativos a índios isolados. Foram nove anos atuando nessa área específica. Ele e o jornalista inglês Dom Philips estão desaparecidos no Vale do Javari, em Atalaia do Norte (AM).

O que já se sabe sobre o desaparecimento de jornalista e indigenista na Amazônia

Segundo o correspondente da Associated Press no Brasil, Mauricio Savarese, “48 horas depois, ficou claro e comprovável que governo e militares demoraram nas ações de resgate no Javari, não deram prioridade ao caso e empregaram parcos recursos nas buscas até agora”. Ele acrescentou em sua conta no Twitter: “Tomamos nota. Isso não será esquecido, independentemente do desfecho dessa história”

Omissão do Estado

Sonia Guajajara, da coordenação da Articulação dos povos indígenas do Brasil (Apib), informou que aproveitou a chamada cúpula da Time 100 (personalidades mundiais mais influentes escolhidas pela revista Time) para denunciar ao ex-secretário de Estados dos Estados Unidos John Kerry “a omissão do Estado” brasileiro na busca do indigenista e do jornalista.

Declarações do presidente da República foram criticadas por outros jornalistas. “Reportar não é uma aventura. É um serviço público que só é perigoso em lugares onde o governo é omisso no combate ao crime, ou, pior, incentivador do crime”, afirmou Sônia Bridi.

“Bolsonaro ofende o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips. Não estão fazendo uma ‘aventura’. São trabalhadores em pleno exercício dos seus ofícios: um defendendo povos indígenas, outro reportando essa defesa e ameaças aos indígenas. Não estão passeando de jet ski”, disse Rubens Valente.

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