Carol Nakamura é criticada após expor filho adotivo que voltou para a mãe biológica

Relatos de Carol Nakamura e do marido sobre retorno do filho adotivo de 12 anos para a mãe biológica causam polêmica. "A forma como o casal culpabiliza a criança é bizarra demais, além de ser um desserviço pra adoção tardia", diz jornalista

Carol Nakamura (redes sociais)

A atriz Carol Nakamura e o seu marido Guilherme Leonel usaram as redes sociais para lamentar, nesta terça-feira (31), que o menino Wallace, de 12 anos, decidiu voltar a morar com a mãe biológica. A criança vivia com o casal enquanto aguardava o fim do processo de adoção.

O casal revelou sentir carinho pela criança, mas alguns termos pesados usados para se referir ao menino foram alvo de críticas. “Eu não estava acreditando realmente que isso fosse acontecer em momento nenhum. Primeiro pelo amor que ele tem pela gente, segundo por toda a vida que a gente sempre deu para ele”, disse Carol.

“Wallace pediu para voltar a ficar com a mãe dele depois de três anos aqui. Foi triste? Foi. É sofrido? É. Sinto falta? Muito. Mas eu tenho que respeitar a vontade dele. Wallace vai fazer 12 anos, ficou três anos (aqui), morou, sempre foi muito amado e ele tem consciência disso, mas quis ir para a casa da mãe dele. Porque, gente, olha só: primeiro que ele tem uma mãe biológica. Depois, uma criança que nasce e cresce sem regra… É muito difícil, mesmo que você mostre todos os benefícios da educação, da alfabetização, dê uma família, dê oportunidade, dê uma casa, tudo o que ele não tinha antes, é complicado, tá, gente? Complicado e muito decepcionante”, desabafou Carol.

Em seguida, Carol contou ainda que já se questionou o que fez de errado, mas que agora tenta aceitar a situação. “O Wallace já tava safado, não tem outra palavra pra dizer, porque ele já tinha entendido que eu não tinha a guarda dele. Então, por exemplo, se a gente brigasse ou colocasse de castigo por alguma coisa que ele fez de errado, ou chamasse a atenção, ele queria ir pra casa da mãe. Aí chegava na casa da mãe, se a mãe fizesse o mesmo, ele queria voltar pra cá. E nisso ele ia faltando aula. Não tem outra palavra: sem vergonha”, apontou.

“Não tenho a guarda dele. Me prometeram várias vezes e não me deram. Eu tinha acabado de renovar a lista de material, fiz ele escolher os cadernos. Quando eu era mais nova, não tinha grana, era tudo muito básico. Deixei ele escolher tudo e foi isso… Comprei uniforme… É triste”, explicou.

VEJA TAMBÉM: Em carta comovente, cantora explica adoção após não desejar ‘filho da barriga’

Carol Nakamura recebeu muitas críticas nas redes pelo tom do desabafo. “Ela insinuando que uma criança é manipuladora e postando ‘provas’ de que o menino era bem cuidado, que coisa sem noção”, postou um usuário.

“‘Estava safado’, ‘sem vergonha’ etc. A forma como o casal culpabiliza o menino de 12 anos — uma criança! — que decidiu voltar para a mãe biológica é bizarra demais. Fora que é tudo um puta desserviço pra adoção tardia”, escreveu Anna Virginia Balloussier, jornalista da Folha.

contra minha vontade fiquei sabendo do role da carol nakamura com o filho adotivo E QUE NOJO a maneira como ela falou do menino "sem vergonha" "já estava safado" falando os bens materiais que deu ao menino e insinuando que ele não deu valor QUE HORROR

— bru (@holyhuppert) May 31, 2022

"Estava safado", "sem vergonha" etc. A forma como o casal culpabiliza o menino de 12 anos – uma criança! – que decidiu voltar para a mãe biológica é bizarra demais.

Fora que é tudo um puta desserviço pra adoção tardia.https://t.co/WbBLZMXADq

— Anna Virginia Balloussier (@annavirginia) May 31, 2022

+ Não conheço a Carol Nakamura, nem o marido dela. Mas as coisas que ela disse – e estão reproduzidas na reportagem – são terríveis. Porque se desresponsabiliza completamente do processo e da relação – "eu quis ajudar, ele não quis ser ajudado", sendo que são eles os adultos.
+

— Lucas "Poderoso Porco" Ed. (@lucas_ed) May 31, 2022

Deixa eu aproveitar esse lance da Carol Nakamura (https://t.co/2R8xvu0dmp) pra trocar uma ideia: trabalhei sete anos na Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida da PCMG, muita gente sabe.
O que pouca gente sabe é o tanto de caso de "desistência de adoção" que pintava lá.
+

— Lucas "Poderoso Porco" Ed. (@lucas_ed) May 31, 2022

eu vi os stories da Carol Nakamura e super entendo a dor dela…mas pontos precisam ficar claros. Criança não "manipula" ninguém (entendo que no calor da emoção ela pode ter se expressado de forma errada). E outra, queria saber onde estão essas pesquisas ao qual crianças…

— lil Mc Donald's, E-I-E-I-O 👨‍🌾 (@4lexgilson) May 31, 2022

sinceramente, sem querer duvidar do amor de uma mãe, mas o jeito que carol nakamura se referiu ao filho que ela diz amar, usando termos como "sem vergonha", "safado" e agindo como se a "decisão" dele fosse algo monstruosa… é uma criança de 12 anos.

— sofia (@wsntyou) May 31, 2022

→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… considere ajudar o Pragmatismo a continuar com o trabalho que realiza há 13 anos, alcançando milhões de pessoas. O nosso jornalismo sempre incomodou muita gente, mas as tentativas de silenciamento se tornaram maiores a partir da chegada de Jair Bolsonaro ao poder. Por isso, nunca fez tanto sentido pedir o seu apoio. Qualquer contribuição é importante e ajuda a manter a equipe, a estrutura e a liberdade de expressão. Clique aqui e apoie!