Notícias

Vídeo da orgia de João Doria é verdadeiro, conclui laudo da PF

Share

Laudo pericial da Polícia Federal descarta "sinais de manipulação" no vídeo em que João Doria aparece na cama com diversas mulheres. Chamada para depor, uma delas é funcionária do gabinete de um parlamentar aliado do governador

A Polícia Federal continua investigando um vídeo que viralizou em 2018 com cenas de orgia sexual protagonizada pelo governador João Doria (PSDB).

Em janeiro deste ano, a PF elaborou um laudo pericial no qual descarta “sinais de manipulação” nas imagens. Os encarregados da investigação também chamaram para depor uma mulher apontada como participante do encontro. A mulher de 41 anos é funcionária do gabinete de um parlamentar aliado de João Doria.

O curioso é que o inquérito, aberto ainda em 2018 a pedido dos advogados do próprio Doria para apurar o crime de “difamação eleitoral”, pode se virar contra o governador no ano em que ele pretende disputar a Presidência da República.

Em nota, João Doria afirma que a PF está reeditando “o maior crime eleitoral já realizado contra um candidato na história do Brasil, justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais” e acusa a instituição de tentar prejudicar sua pré-candidatura ao Planalto.

O vídeo, dividido em dois trechos, começou a circular em 23 de outubro daquele ano. Nas imagens, um homem com feições semelhantes às de Doria aparece na cama com seis mulheres. Naquele mesmo dia, o governador veio a público, ao lado da primeira-dama, Bia Doria, para negar que fosse ele o personagem das cenas.

O tucano classificou o vídeo de “vergonhoso” e disse tratar-se de uma “fake news” que teria sido forjada por adversários políticos. Cinco dias depois, Doria disputaria o segundo turno contra o então governador Márcio França, do PSB, que negou envolvimento no caso e processou o tucano por calúnia. No ano passado, Doria disse em uma entrevista que França estava por trás da propagação da gravação.

O pedido para que a Polícia Federal apurasse a “difamação eleitoral” contra Doria foi feito pela defesa do governador logo no dia seguinte à divulgação do vídeo.

Àquela altura, o criminalista Fernando José da Costa, que hoje é secretário da Justiça do governo Doria, anexou um laudo no qual dois peritos contratados afirmavam que o vídeo tem “características de claro produto de montagem e simulação” e que o homem que aparece nas imagens tem características diferentes da fisionomia de Doria, como o “formato dos dentes”, “ausência de pelugem no tórax” e costeleta diferente.

O advogado disse ainda que no momento da orgia – a gravação teria sido feita na noite de 11 de outubro de 2018 – o tucano estava reunido com ele no comitê de campanha do PSDB.

A apuração da Polícia Federal havia caído no esquecimento, mas ganhou força nos últimos meses. A investigação já passou pelas mãos de cinco delegados. No início, a PF ouviu um homem que compartilhou o vídeo em um grupo de WhatsApp de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no dia em que as cenas viralizaram.

Por causa da pandemia, alguns depoimentos de testemunhas foram adiados e o inquérito foi prorrogado com anuência do Ministério Público e autorização do juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. A investigação voltou a tramitar mais rapidamente em outubro do ano passado, quando o delegado Leonardo Henrique Rodrigues solicitou uma perícia técnica ao Núcleo de Criminalística da PF para “identificar/reconhecer a identidade das mulheres” que aparecem nas cenas. O delegado também pediu que os peritos federais apontassem eventuais montagens no vídeo.

A partir da demanda, os peritos chegaram até a comparar o rosto das mulheres com o banco de imagens faciais mantido pela corporação na tentativa de reconhecer alguma das participantes. Por causa da baixa qualidade técnica da gravação, porém, o sistema não conseguiu identificar ninguém.

Conclusões diferentes da perícia contratada por Doria

Apesar da tentativa frustrada de reconhecimento facial por meio da tecnologia, a perícia da PF chegou a uma conclusão que vai na contramão do argumento sustentado até então pela defesa de Doria – a de que o vídeo foi manipulado.

No laudo, assinado em janeiro deste ano, o perito Bruno Garbe Júnior diz não ter encontrado indícios de fraude no material. No documento, o perito afirma que “analisou a direção da iluminação, disposição de personagens e objetos e suas relações na imagem, assim como a continuidade do sinal de áudio, não encontrando sinais de adulteração nas imagens examinadas”.

Adversários de Doria chegaram a ser ouvidos pela PF. Foi por essa via, por sinal, que os investigadores conseguiram nome e sobrenome da mulher intimada para prestar depoimento. A identificação dessa testemunha, que teria participado da orgia, ocorreu após depoimento do vereador paulistano Camilo Cristófaro. Foi o parlamentar quem afirmou aos investigadores que essa mulher, atualmente, trabalha como assessora de um vereador da Câmara Municipal de São Paulo ligado a Doria. Com os dados da assessora em mãos, a PF a chamou para depor.

as informações são da revista Crusoé