Redação Pragmatismo
Contra o Preconceito 23/Mar/2022 às 17:17 COMENTÁRIOS
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Coach de meditação desdenha de pessoas em situação de rua: “são pobres por escolha”

Publicado em 23 Mar, 2022 às 17h17

VÍDEO: Ao compartilhar experiência que teve com “pedinte”, brasileira que se apresenta nas redes como 'coach de meditação' afirma que pessoa em situação de rua colhe o que planta. “Não é culpa do governo, não é culpa dos outros que ela está naquela situação. Cada um escolhe. ‘Ah, mas não tive oportunidade’. Vai fazer! Está na Revista Forbes [...] não tem isso de vítima”

Juliana Brescovici Carvalhaes
Juliana Brescovici Carvalhaes

Juliana Brescovici Carvalhaes, de 38 anos, se apresenta nas redes sociais como ‘coach’ especialista em meditação. A mulher causou polêmica e passou a receber críticas ao compartilhar um vídeo em que relata uma experiência que teve com uma ‘pedinte’.

Na gravação (assista abaixo), a coach conta que foi abordada por uma morador de rua que estava acompanhada da filha pequena, e que a ‘pedinte’ teria se mostrado “revoltada” por estar diante de alguém com uma condição melhor que a dela.

Juliana afirmou que aquela mãe é “pobre por escolha” pois “todos os seres humanos têm a mesma capacidade” e, portanto, ela estaria “colhendo o que plantou”. A coach afirma ainda que só a moradora de rua poderia se tirar da “piscininha de cocô”.

“Oi, gente, deixa eu compartilhar com vocês aqui uma história polêmica. Veio uma pedinte com a filha, aí a criança fala: ‘Aí, você poderia dar uma ajuda?’. E eu olho para a cara da mãe e a mãe, assim, rindo. Daí, fiquei só olhando, né, porque não estava entendendo nada. Daí a mãe ficou brava. Será que ela está revoltada porque eu estou numa condição melhor? Com o nível de consciência que ela está, não vai chegar a lugar nenhum, vai continuar na rua”, conta Juliana.

“Não é culpa do governo, não é culpa dos outros que ela está naquela situação. Cada um escolhe. ‘Ah, mas não tive oportunidade’. Vai fazer! Está na Revista Forbes, já passou que o maior número de milionários do mundo saiu do zero. Somos seres humanos, temos a mesma capacidade. Cada um colhe o que planta nessa vida, ou na próxima. Não tem isso de vítima. A gente está se afastando ainda mais da nossa prosperidade. Me deu vontade de pegar aquela mulher e falar: ‘Escuta só, se você está vivendo na escassez é porque você está criando, a única pessoa que pode fazer mudança, tirar da piscininha do cocô’”, continuou.

A publicação foi compartilhada por Antonio Isuperio, ativista que denuncia, em sua página, conteúdos preconceituosos. Ele contou que, ao avisar Juliana a respeito do tema do vídeo, foi bloqueado por ela.

Isuperio comentou no Instagram: “Quem cria a ‘pisciNONA de cocô’ no Brasil é a branquitude que está no poder, principalmente pelo seu racismo geracional. Mas isso elas não vão te contar. Se os defensores do capitalismo não dão possibilidade que o acesso à renda chegue nas mãos de pessoas negras, isso (dentro da lógica capitalista) é um assassinato”.

“Se a maioria das pessoas pobres brasileiras fosse branca, o problema da miséria brasileira já teria sido resolvido. O Brasil só é um projeto de miséria ‘porque tem gente negra demais’. E elas vão incutir na sua cabeça que você nascer assim foi um Karma”, acrescentou.

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