Meio Ambiente

“Filme de terror”, diz médico que socorreu menina atacada por tubarão em Noronha

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Médico que estava de férias em Noronha foi o responsável pelos primeiros socorros à menina de 8 anos atacada por tubarão. Ele foi homenageado pelo Conselho de Saúde. Criança precisou amputar a perna

Praia do Sueste

A menina de oito anos que foi mordida por um tubarão na Praia do Sueste, em Fernando de Noronha, na última sexta-feira (28/1), teve a perna direita amputada na altura da coxa. A garota permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva pediátrica, sem previsão de alta, mas seu quadro de saúde é ‘estável’, diz boletim médico divulgado pelo Real Hospital Português no Recife.

Ainda conforme a unidade de saúde, “a criança se manteve estável ao longo de todo o procedimento e segue em tratamento. A família manifesta seu profundo agradecimento pelas orações e por todo o apoio que está recebendo”, diz trecho da nota.

Morador do Rio de Janeiro, o cirurgião-geral Lucas de Oliveira Claros estava de férias em Noronha e foi o responsável por prestar os primeiros socorros à menina. O médico classificou o incidente como “impactante” e “cena de filme de terror”.

“A adrenalina é alta. Agimos por instinto, conforme nosso treinamento, para estancar o sangramento. Os vasos que passam pela perna têm um trajeto. Eles fazem sangrar nesse tipo de atendimento. Quando se faz o estancamento do sangue, a gente segura, com o dedo mesmo, o sangramento para evitar um prognóstico pior”, afirmou.

Lucas foi homenageado nesta quarta-feira (2) pelo Conselho de Saúde de Fernando de Noronha. O médico recebeu uma carta de agradecimento por sua atuação na Praia do Sueste. “Reconhecemos a atitude de presteza e generosidade no atendimento àquela criança, ato providencial para salvar a vida e garantir que a menina e a família tenham um novo recomeço”, descreveu o documento.

“Não só eu, como os outros médicos que estavam no local, pudemos contribuir para esse desfecho favorável. Saber que ela está bem é o maior reconhecimento”, disse Lucas.

Após o ataque, o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade fechou a Praia do Sueste em busca de respostas para o ocorrido. Autoridades locais já registraram vários outros incidentes na mesma praia. Em 2015, a vítima foi um turista do Paraná, que teve um membro amputado.

Em fevereiro de 2019, um nativo da ilha que tinha 31 anos e surfava na praia Cacimba do Padre sofreu ferimentos na face, pescoço e orelha após ser mordido por um tubarão-limão.

Em março de 2020, uma surfista de Santa Catarina precisou levar suturas na perna após ser mordida na Praia do Bode e em dezembro daquele mesmo ano um homem de 37 anos que vinha de São Paulo e estava na Praia da Conceição precisou ser socorrido com ferimentos no pé por causa de outro incidente com o animal.

Poucas semanas depois, em 13 de janeiro de 2021, um homem de 53 anos que nadava na Cacimba do Padre e tinha vindo do Rio de Janeiro também precisou levar pontos após ser mordido.