Redação Pragmatismo
Saúde 31/Ago/2021 às 15:19 COMENTÁRIOS
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Amazonas tem surto de casos da 'síndrome da urina preta'

Publicado em 31 Ago, 2021 às 15h19

Pacientes relataram que consumiram peixe antes de apresentarem sintomas. Ao todo, são 44 casos notificados em menos de dez dias

doença da urina preta

As autoridades de saúde do Amazonas estão em alerta após o aumento do número de casos de rabdomiólise — associados à Doença de Haff, conhecida como “doença da urina preta” — no estado. Ao todo, são 44 casos notificados, sendo que um resultou em morte, desde o dia 21 de agosto. As informações são da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.

Os municípios que registram casos são Itacoatiara (34 casos e um óbito), Silves (quatro casos), Manaus e Parintins (com dois casos cada), Caapiranga e Autazes, com um caso em cada. Do total de pacientes, dez ainda estão internados. Todos são de Itacoatiara.

A única morte confirmada pela doença até agora foi a de uma mulher de 51 anos, que estava internada desde sexta-feira (27) no Hospital Regional José Mendes, oriunda da Vila do Novo Remanso, também em Itacoatiara. Ela morreu no sábado.

De acordo com o diretor-presidente da fundação, Cristiano Fernandes, está sendo reforçada a investigação epidemiológica dos casos. “Todos os casos notificados podem estar associados à ingestão de peixes. Ainda não há consenso no meio científico sobre a toxina que contamina os pescados. A Vigilância está se concentrando em detectar precocemente os casos e monitorar para que haja o manejo clínico adequado para os pacientes”, explica.

A rabdomiólise é uma síndrome clínico-laboratorial que decorre da lesão muscular com a liberação de substâncias intracelulares para a circulação sanguínea. Ocorre normalmente em pessoas saudáveis, na sequência de traumatismos, atividade física excessiva, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas, infecções e ingestão de alimentos contaminados, que incluem o pescado.

Doença de Haff

Sua origem exata ainda é misteriosa, mas pesquisadores encontraram uma unanimidade: todos os pacientes, mesmo fora do Brasil, consumiram algum animal que vive na água, muitas vezes a doce.

Alguns especialistas já levantaram a suspeita de que ela seja causada por uma bactéria, mas isso é considerado pouco provável. A hipótese mais aceita é que a doença seja causada por algum tipo de toxina, ainda não identificada, que contamine o alimento e permaneça ativa no alimento cru ou mesmo depois de ser cozido, frito ou assado.

Os sintomas da doença de Haff costumam aparecer entre duas e 24 horas após o consumo de peixe ou crustáceos.

Além dos incômodos sentidos pelo corpo e a coloração escura da urina, o quadro pode causar insuficiência renal. Isso acontece pois os músculos, quando lesionados, liberam uma substância chamada mioglobina no sangue, o que pode prejudicar os rins (e também é responsável pelo xixi preto).

As sequelas mais graves, no entanto, só costumam acontecer caso o paciente não tenha cuidado rápido e eficiente. Outras sensações comuns são a falta de ar, dormência e perda da força do corpo.

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Exames podem ser pedidos para confirmar o diagnóstico, mas como não se sabe exatamente o que causa a doença, o mais importante será ouvir o histórico dos pacientes. Por ser rara, identificar a doença pode ser difícil, mas a recomendação é que um profissional de saúde seja procurado assim que os sintomas surgirem.

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