Redação Pragmatismo
Saúde 05/Mar/2021 às 08:34 COMENTÁRIOS
Saúde

Menos zinco no sangue está associado a prognóstico mais grave de Covid, diz estudo

Publicado em 05 Mar, 2021 às 08h34

Estudo associa baixos níveis de zinco em pacientes de covid-19 com um prognóstico pior. Pesquisadores apontam que doentes com menor quantidade desse mineral no sangue apresentam maior mortalidade e um período de recuperação mais longo

níveis zinco sangue prognostico grave covid estudo
(Imagem: Diego Vara | Reuters)

Os níveis de zinco no sangue desempenham um papel importante no prognóstico de um paciente com covid-19.

Um estudo observacional realizado por pesquisadores do Hospital del Mar, em Barcelona, com 249 pacientes com coronavírus revela que aqueles com baixos níveis de zinco tinham sintomas mais graves, mais inflamação e pior prognóstico: a mortalidade foi de 21% neste grupo em comparação com 5% nos pacientes com altas quantidades de zinco no sangue. A pesquisa, publicada na revista científica Nutrients, abre a porta para o estudo da possibilidade do uso de suplementos desse mineral como parte da terapia de recuperação dos pacientes infectados.

As propriedades do zinco para aliviar resfriados comuns são estudadas há muito tempo. Esse mineral essencial, que é adquirido através dos alimentos, ajuda no funcionamento de algumas enzimas do organismo, especialmente no sistema imunológico, e serve para equilibrar a resposta imunológica.

Saiba mais: Obesidade é a 3ª comorbidade dos mortos por Covid com menos de 60 anos no Brasil

De fato, há mais de 35 anos, um estudo já sugeria o uso de comprimidos de zinco como terapia contra resfriados: a pesquisa descobriu então que esses comprimidos encurtavam a duração média dos resfriados comuns em cerca de sete dias.

Com a chegada da pandemia, o zinco foi usado como mecanismo de combate à covid-19, principalmente em combinação com a hidroxicloriquina, um medicamento contra a malária que acabou se revelando ineficaz para conter o vírus.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também recebeu suplementos de zinco (além de famotidina, vitamina D, melatonina, aspirina e anticorpos monoclonais) quando foi diagnosticado com covid-19: sua eficácia não tinha sido comprovada, mas seu perfil de segurança era elevado.

Nessa linha de estudar o papel do zinco no combate à infecção por coronavírus, os pesquisadores do Hospital del Mar e da Universidade Pompeu Fabra (UPF) começaram a registrar os níveis de zinco de pacientes com covid-19 que entravam no centro de saúde. No total, recolheram dados de 249 pacientes adultos com covid-19, com idade média de 65 anos e tratados no hospital entre 9 de março e 1º de abril.

Já havia uma base fisiopatológica e logo descobrimos que ter zinco baixo [abaixo de 50 microgramas por decilitro de sangue] era sinônimo de piora: mais inflamação, mais internações em UTI e mais tempo de recuperação”, destaca o infectologista e autor do estudo, Roberto Güerri.

Depois de fazer os ajustes por idade e sexo, os pesquisadores descobriram que 1 em cada 5 pacientes com baixos níveis de zinco morreu, enquanto naqueles que apresentavam indicadores mais elevados do mineral quando entraram no hospital, a mortalidade foi de 5%. A deficiência de zinco é uma afecção comum em idosos e pessoas com doenças crônicas, dois dos grupos mais vulneráveis à covid-19.

Paralelamente, os pesquisadores também estudaram in vitro os efeitos do zinco na replicação do coronavírus e descobriram que a falta desse mineral provoca desequilíbrio imunológico e aumento da carga viral.

Leia também:
Estudo indica que variante brasileira da Covid pode escapar de vacinas e anticorpos
Brasil pode ficar isolado mundialmente por causa do descontrole da Covid-19
Covid-19: Brasil engata ponto morto e fica esperando por um milagre

Os pesquisadores da UPF, Juana Díez e Rubén Vicente, cultivaram células com diferentes níveis de zinco e as infectaram com coronavírus. O resultado foi que, onde havia baixos níveis de zinco, o vírus crescia muito, enquanto nas células com altos níveis de zinco o coronavírus se replicava menos”, afirma Güerri.

A descoberta dos pesquisadores do Hospital del Mar abre as portas para novos testes para estudar suplementos de zinco como uma possível profilaxia ou como tratamento em pessoas com risco de deficiência desse mineral.

Fonte de zinco na alimentação

alimentos ricos zinco prognostico grave covid estudo

Esta lista apresenta os alimentos com maiores quantidades de zinco.

Ingestão diária recomendada

A recomendação de ingestão diária varia de acordo com a fase da vida, mas uma alimentação balanceada garante o suprimento das necessidades.

O teor de zinco no sangue deve variar entre os 70 a 130 mcg/dL de sangue e na urina é normal encontrar-se entre 230 a 600 mcg de zinco/ dia.

ingestão diária zinco prognostico grave covid estudo

A ingestão de Zinco menor do que o recomendado por longos períodos pode provocar atraso da maturação sexual e óssea, queda de cabelo, lesões na pele, aumento da suscetibilidade a infecções ou falta de apetite.

Com Jessica Mouzo, ElPaís

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS