Redação Pragmatismo
Saúde 17/Mar/2021 às 17:13 COMENTÁRIOS
Saúde

Enfermeira chora e pede socorro ao descrever pandemônio da Covid no Brasil

Publicado em 17 Mar, 2021 às 17h13

"É desesperador. Não sei mais o que fazer". Aos prantos, enfermeira desabafa após plantão no país que se tornou o epicentro global da pandemia

enfermeira chora covid

O relato de uma enfermeira lotada no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) comoveu a internet. O vídeo foi divulgado nesta terça-feira (16/03) no Twitter e viralizou rapidamente.

A enfermeira Tatiane Campos, que trabalha no pronto-socorro do hospital, desabafou sobre a situação do local. Ela afirma que estão em falta materiais básicos como medicamentos, bombas de infusão, monitores, ventiladores, luvas e leitos com ponto de oxigênio.

“Saí do plantão extasiada, chocada, cansada, sem saber o que fazer”, afirmou ela no vídeo. “Não temos recurso nenhum para aguentar essa situação. É desesperador. Eu achei que nunca ia viver (isso). E, depois de um ano, as coisas estão complicando”, completou.

Tatiana disse que todos os seus colegas estão sobrecarregados. São 27 pacientes em estado grave, segundo ela, precisando de oxigênio. Muitos são jovens.

“São dois enfermeiros e quatro técnicos em enfermagem para 27 pacientes, alguns intubados, outros em uso de oxigênio contínuo. Todos paciente graves, com alta dependência, necessitando de cuidados intensivos. Fique em casa, é isso o que eu peço”, desabafa.

“Não aguentamos mais”

A médica emergencista Taiane Solin, de 30 anos, também fez um desabafo nesta semana sobre a situação caótica da pandemia no Brasil. Ela atua no interior de São Paulo.

“Eu e meus colegas não aguentamos mais ver tanta gente morrendo. Desde o início da pandemia, o perfil mudou. Antes eram os mais velhos, gente com comorbidade, uma situação mais complexa. Agora são pessoas jovens, saudáveis, que chegam já em estado muito grave. O que percebemos é que o corpo jovem reage mais violentamente à infecção, e justamente por isso a situação se agrava, as coisas ficam piores”, disse.

“Hoje eu atuo em hospitais da rede particular e do SUS. Os dois têm problemas. Recebi ontem uma mensagem avisando que talvez falte bomba de infusão —um aparelho que serve para manter os pacientes sedados, com medicação o tempo todo na veia. Falta medicação em outro. É como falar para um restaurante que não tem arroz bem na hora do almoço”, revela.

“A sensação que eu e meus colegas temos é de incredulidade. ‘Tá começando tudo de novo’, é o que mais falamos. Tem dias que saímos da UTI e vamos chorar no banheiro. Estamos exaustos, a verdade é essa. As coisas tinham melhorado no fim do ano passado, mas é claro que esperávamos uma nova onda. Só que não pensamos que seria pior do que a primeira. Eu esperava que, a essa altura, nós já estivéssemos mais preparados, e não estamos. É muito angustiante porque já morreu muita gente”, lamenta a médica.

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