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Sara Winter “arrependida” e Oswaldo Eustáquio com risco de ficar paraplégico

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Radicalismo bitolado conduziu para o ostracismo trágico dois dos principais símbolos das sandices bolsonaristas. Em prisão domiciliar e com tornozeleira eletrônica, Sara suavizou o discurso. Oswaldo Eustáquio, em situação ainda mais delicada, corre o risco de ficar paraplégico. Ambos se queixam de ingratidão e abandono

Oswaldo Eustáquio e Sara Winter

O radicalismo bitolado conduziu para uma espécie de ostracismo trágico dois dos principais símbolos das maluquices Bolsonaristas. Sara Winter está em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica e suavizou bastante o seu discurso.

Oswaldo Eustáquio, por sua vez, encontra-se em situação ainda mais delicada: ele fraturou a coluna vertebral na prisão, pode ficar paraplégico e passa por dificuldades financeiras. As informações são da revista Veja.

Há menos de um ano, Sara estava no epicentro de uma crise institucional. Líder de um grupelho autointitulado 300 do Brasil, ela comandou manifestações em Brasília que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma delas, os militantes compareceram usando máscaras brancas, roupas negras, empunhando tochas e entoando cânticos bizarros. Em outra, lançaram fogos de artifício em direção ao prédio da mais alta corte de Justiça do país.

O protesto, que durou apenas alguns minutos, produziu imagens grotescas que percorreram o mundo e uma onda de indignação. Na época, ministros do STF classificaram o ato como um grave ataque à democracia — e era mesmo. Sem se intimidar, Sara continuou sua pregação radical pelas redes sociais, prometeu novas ações para “infernizar” a vida dos ministros e revelou o desejo íntimo de “trocar socos” com um deles. Apoiadora do presidente Bolsonaro, ela foi presa preventivamente logo em seguida, acusada de violar a Lei de Segurança Nacional. Oito meses depois, as convicções da ativista, ao que parece, também mudaram radicalmente.

“Decidi me aposentar. Nunca mais vocês vão me ver gritando ‘mito’, ‘mito’. Hoje morreria de vergonha de fazer isso”, diz a agora ex-ativista.

Enfrentar o STF, segundo ela, foi um erro que lhe custou caro. Além de perder a liberdade, Winter teve suas contas no Twitter, Facebook e YouTube bloqueadas. Antes da prisão, tinha quase 1 milhão de seguidores. Hoje, restaram 190 000 no Instagram, um número ainda considerável, mas em queda desde que ela decidiu interromper as postagens políticas. Suas publicações tratam apenas de sua nova atividade profissional. Em sociedade com o marido, montou uma empresa que vai comercializar palestras e cursos de “conservadorismo” pela internet.

Sara era uma das muitas peças de uma engrenagem maior pilotada por figuras que acreditavam que o governo Bolsonaro poderia prescindir do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. O objetivo era acuar as instituições, fragilizá-las ao ponto de garantir ao Executivo a supremacia absoluta, autoritária. Para isso, montou-se uma rede de militantes financiada ainda não se sabe exatamente por quem, que promovia manifestações de protesto e difundia notícias falsas para criar um clima de instabilidade. Sara era ponta de lança desse primeiro grupo.

Oswaldo Eustáquio

Oswaldo Eustáquio se dedicava à segunda tarefa. Ele pregava não só o fechamento do Supremo, mas também o do Congresso, e defendia desde a invasão do Parlamento até a reedição do AI-5, o decreto que sacramentou o período mais sombrio da ditadura militar na década de 60. Investigado pelo STF no inquérito que apura atos antidemocráticos, o jornalista teve a prisão decretada e todas as suas redes sociais imediatamente bloqueadas.

Em dezembro, ele tentava consertar o chuveiro de sua cela quando escorregou e fraturou a coluna. Depois do acidente, o STF permitiu que ele cumprisse prisão em regime domiciliar e fosse monitorado por uma tornozeleira eletrônica. Oswaldo está sem movimento nas pernas, se desloca numa cadeira de rodas e corre o risco de ficar paraplégico.

A família diz que passa por dificuldades financeiras. Sem as redes sociais, o jornalista perdeu a fonte de renda. A mulher dele, Sandra Terena, que ocupava o cargo de secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do governo, foi demitida logo depois da prisão. Ela diz que a rotina do marido hoje se resume a passar o dia no hospital fazendo fisioterapia e, nos intervalos, ler a Bíblia.

Sara e Eustáquio queixam-se de ingratidão e se consideram ‘abandonados’ pelo atual governo. “Pode parecer síndrome de Estocolmo, mas tenho mais a agradecer ao ministro Alexandre de Moraes do que à ministra Damares Alves”, afirma Sara, que lamenta nunca ter recebido um telefonema da ministra que considerava amiga.

informações da Veja

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