Redação Pragmatismo
Saúde 29/Jan/2021 às 09:58 COMENTÁRIOS
Saúde

Morte de paciente com Down que viralizou em foto com enfermeiro comove as redes

Publicado em 29 Jan, 2021 às 09h58

Paciente com Down que viralizou em foto abraçado a enfermeiro morre por falta de UTI no Amazonas. Emerson Loureiro, que estava com Covid-19, precisava de um leito para sobreviver. "Chorei muito", desabafou o enfermeiro

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Emerson Junior Loureiro, paciente com síndrome de Down que foi abraçado por um enfermeiro no interior do Amazonas para receber oxigênio, não resistiu às complicações da Covid-19 e morreu na manhã desta quinta-feira (28). O falecimento de Emerson, de 30 anos, foi anunciado pela família do rapaz.

A foto emocionante do enfermeiro abraçando Emerson durante o tratamento viralizou nas redes sociais porque a atitude do profissional serviu para tranquilizar o paciente. O Amazonas enfrenta um novo surto de Covid, e sofre com colapso no sistema de saúde e falta de oxigênio nos hospitais.

Uma das irmãs de Emerson, Keiteane Loureiro, contou que ele foi transferido de Caapiranga, na segunda (25), para um hospital no município de Manacapuru, a 99 Km de Manaus, após a repercussão da imagem, que foi publicada com um pedido de leito de UTI para o rapaz.

“Já tinha um leito para ele em Manaus, mas não conseguimos levar, não deu tempo pois dependia da melhora da saturação dele para fazer esse trajeto. Durante a madrugada de hoje, a saturação subiu para 98. Nós comemoramos tanto, achando que ia dar certo, ele ia ser transferido, mas hoje às 8h, chegou essa notícia para gente, infelizmente. Ele era a joia, a luz da nossa existência”, disse.

“Chorei muito”

“Fiquei muito triste, chorei muito”, contou ao portal UOL o enfermeiro que aparece na imagem abraçado a Emerson.

“Ele teve a parada [cardíaca] e nós o intubamos aqui e o levamos às pressas a Manacapuru. Fomos ambuzando [fazendo ventilação manual] até lá, foram duas horas e meia de processo na viagem”.

Lá, Emerson foi intubado e estava internado. A cidade, porém, também não tem UTI. “Em Manacapuru, onde ele estava, pelo agravamento, era necessário aguardar estabilizar para transferir. Já tinha um leito certo de UTI, em Manaus, para transferência. E na quinta, à 1h da manhã, ele estava com situação boa. Agora pela manhã estava saturando 98%, mas agora informaram que ele faleceu”, afirmou o enfermeiro.

Para a infectologista e professora de Doenças Tropicais da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Vera Magalhães, a não transferência de um paciente grave para UTI é um fator que aumenta significativamente a chance de piora e morte.

“É óbvio que a falta de UTI contribui muito para o desfecho óbito. Algumas condutas em relação à covid-19 precisam ser realizadas precocemente. Eu não sei detalhes do caso, quais as alterações que ele teve, mas se ele necessitou de oxigênio, precisaria de dexametasona [corticoide usado na fase grave da covid], certamente precisou de intubação. Tudo isso retardado leva a um desfecho desfavorável, sem dúvida alguma”.

Vera ainda explica que a Síndrome de Down traz, muitas vezes, fragilidades orgânicas que podem tornar o estado de saúde do paciente mais grave.

“Down não é uma morbidade, porque não é uma doença. Mas o paciente tem, sim, uma maior vulnerabilidade em relação a covid-19. Eles, geralmente, têm alterações cardíacas e outras que fazem com que haja um um desfecho mais grave e desfavorável em relação a todas as infecções, inclusive à covid-19”.

Nas redes sociais, a morte de Emerson gerou muita comoção. “Muito triste e revoltante essa situação do Amazonas. É desesperador saber que estamos sem governo”, publicou um internauta.

“Faltam palavras para tamanho descaso desse governo abominável. Essa morte foi um soco no estômago. Que dor”, publicou outro.

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