Redação Pragmatismo
EUA 11/Dez/2020 às 15:21 COMENTÁRIOS
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Trump acelera aplicação de penas de morte antes de deixar Presidência

Publicado em 11 Dez, 2020 às 15h21

De saída, Trump acelera pena de morte de presos enquanto analisa perdão presidencial a parentes e aliados. 90% dos que estão sendo executados são negros. Republicano já se tornou o presidente com o maior número de execuções nos últimos 130 anos

Donald Trump
Donald Trump

Faltando poucos dias para deixar o poder, o presidente Donald Trump acelerou o ritmo das execuções federais, autorizando a morte de cinco presidiários até a posse de Joe Biden, enquanto analisa também o perdão presidencial a parentes e ex-colaboradores.

Se tudo correr como o planejado pelo Departamento de Justiça, Trump solidifica seu legado como o presidente americano com o maior número de execuções nos últimos 130 anos.

Em seis meses, Trump terá mandado 13 presos para o corredor da morte, após um intervalo de 17 anos sem execuções em penitenciárias federais. Este número equivale a 25% dos condenados à pena capital e reforça as especulações sobre a pressa em que ocorre, durante a transição para um governo que se mostra contrário à prática.

Dos cinco nomes que estão sendo executados às pressas, quatro são negros, num indício de discriminação racial nas condenações à morte. Com 40 anos, o texano Brandon Bernard é o mais jovem, sentenciado à execução em 1999 por sequestrar e matar o casal Todd e Stacie Bagley, quando tinha 18 anos.

“É difícil entender por que alguém, nesta fase da presidência, se sente compelido a matar todas essas pessoas – especialmente quando o povo americano votou em outra pessoa para substituí-la e essa pessoa disse que se opõe à pena de morte”, disse o diretor do Centro de Informações sobre Pena de Morte, Robert Durham.

“A pena de morte é aplicada de maneira desigual e arbitrária, é ineficaz em promover a segurança pública e é um desperdício dos recursos dos contribuintes. E seu uso apresenta o risco perigoso de executar uma pessoa inocente”, afirma um grupo de cem promotores, procuradores e ex-funcionários do Departamento de Justiça.

O caso Brandon Bernard

Brandon Bernard acabou executado na última quinta-feira (10). Ele foi condenado pela participação no sequestro e morte do casal Todd e Stacie Bagley, em 1999, no Texas. Bernard tinha 18 anos na época do crime e foi sentenciado à morte em 2000, um dos mais jovens a receber a pena de morte federal no país.

Outros quatro jovens participaram do crime. Três deles eram menores de idade e, portanto, não podiam ser condenados à morte. Segundo a acusação, o líder do grupo era Christopher Andre Vialva, que tinha 19 na época e foi executado em setembro deste ano.

Vialva atirou contra o casal, que estava preso dentro do porta-malas do carro, e disse a Bernard para colocar fogo no carro. No julgamento, a acusação afirmou que, enquanto Todd morreu com o disparo, Stacie ainda estava viva, e morreu devido à inalação de fumaça. Mas um legista independente contratado pela defesa disse que ela já estava “medicamente morta” antes do incêndio.

Os defensores de Bernard pediam que sua pena fosse comutada para prisão perpétua, ressaltando que ele não estava presente no momento em que o casal foi sequestrado, não foi o autor dos disparos, manifestou remorso e teve comportamento exemplar nas duas décadas que passou na prisão.

Em processos até a última hora, advogados alegaram que evidências que poderiam ter influenciado o júri a optar pela prisão perpétua em vez da pena de morte não foram apresentadas no julgamento.

Cinco dos nove jurados ainda vivos disseram ter mudado de opinião e apoiaram a campanha, afirmando que Bernard não deveria ser executado. A promotora Angela Moore, que defendeu a pena capital no caso, também mudou publicamente de posição e pediu que ele fosse poupado da pena de morte.

A campanha mobilizou senadores e celebridades, como Kim Kardashian West, e resultou em milhares de cartas enviadas ao presidente Trump pedindo clemência. Mas os pedidos e processos judiciais não foram o suficiente para reverter a pena.

Segundo jornalistas presentes, suas últimas palavras foram dirigidas à família das vítimas: “Eu sinto muito. Essas são as únicas palavras que posso dizer que captam completamente como me sinto hoje e como me senti naquele dia”.

com informações da BBC

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