Redação Pragmatismo
Racismo não 15/Out/2020 às 14:42 COMENTÁRIOS
Racismo não

"Sou a maior racista do planeta e odeio a raça negra", diz mulher em agência bancária

Publicado em 15 Out, 2020 às 14h42

Vídeo: "Eu sou a maior racista do planeta, odeio a raça negra, são todos bandidos", grita mulher em agência bancária. Ela acabou presa em flagrante, mas já foi liberada após pagar fiança

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Uma mulher foi presa em João Pessoa (PB) nesta quarta-feira (10) após fazer declarações racistas em uma agência bancária da cidade. Um vídeo mostra o momento em que um homem é agredido verbalmente por ela.

Mesmo sendo alertada que estava sendo filmada, e com a presença de policiais, a mulher não se intimidou e continuou a gritar ofensas racistas. O crime foi cometido contra Daniel Lima, que é guia turístico.

“Sou a maior racista do planeta Terra”, “odeio a raça negra” e “vocês são bandidos, ladrões” foram algumas das ofensas ditas pela mulher, que se chama Luzia Sandra de Medeiros.

Daniel conta que chegou na agência para fazer um depósito e, enquanto estava fazendo o procedimento, a mulher estava na fila para outro atendimento. “Ela perguntou porque o banco havia fechado com alguém da raça negra”. Ela se referia a uma pessoa negra que estava na propaganda da agência. De acordo com o Boletim de Ocorrência, a mulher também teria dito que ele deveria estar na senzala.

“Ela começou a fazer insultos e perguntei o que houve. Ela disse: você é um negro bandido, você é um negro safado”, conta o homem sobre as agressões.

A mulher chegou a ficar detida na carceragem da Central de Polícia Civil, mas foi liberada após pagar uma fiança de R$ 350. Ela vai responder em liberdade pelo crime de injúria racial.

O Código Penal, em seu artigo 140, prevê como pena para o crime de injúria racial a reclusão de 1 a 6 meses ou multa.

O coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrobrasileiros e Indígenas da Universidade Federal da Paraíba (Neabi-UFPB), Antônio Novais, lamentou o ocorrido e lembrou que violência contra pessoas negras são frequentes. Ele destacou que a mulher do vídeo deveria ser processada por racismo, e não somente por injúria.

“Pela forma como ela se referiu à população negra, para mim é muito nítido que nós temos tipificado ali um caso de racismo. Houve a incitação ao preconceito e à discriminação”, pontua.

Antônio Novais também comentou a falta de punição efetiva contra pessoas racistas. “Falta sensibilidade de agentes públicos no momento de fazer a tipificação, a categorização [do crime]. Enquanto não tivermos uma ação mais contundente, a tendência é de que isso [a impunidade] continue ocorrendo”, lamentou.

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