Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 09/Out/2020 às 16:00 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Jovem é abusada por médico durante consulta na frente da filha de 2 anos

Publicado em 09 Out, 2020 às 16h00

Jovem é abusada por médico na frente da filha dela, de 2 anos, durante uma consulta oftalmológica. Vítima é a terceira a denunciar o profissional

Roberto Ivo Pasquarelli Neto
Angélica é a terceira mulher a denunciar o médico Roberto Ivo Pasquarelli Neto (reprodução)

O médico oftalmologista Roberto Ivo Pasquarelli Neto foi denunciado por mais uma mulher. A nova vítima, de 27 anos, afirma ter sido beijada e abraçada à força durante uma consulta em São Paulo.

A vítima contou ainda que o homem colocou a mão dela sobre a calça dele, nas partes íntimas. A defesa do profissional afirma que não foi informada da acusação.

Esta é a terceira denúncia contra o médico, que já havia sido acusado por duas pacientes com suspeita de Covid-19 em São Vicente (SP). Todos os casos foram registrados junto à Polícia Civil.

Desta vez, o caso foi registrado na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) Sul, em São Paulo. O profissional foi afastado dos dois centros médicos onde ocorreram as consultas. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também investiga os casos.

As duas primeiras vítimas, uma recepcionista e uma vendedora, alegam ter sofrido assédio sexual durante consultas com o médico no Centro de Controle do Coronavírus de São Vicente. Segundo as pacientes, Roberto Ivo Pasquarelli afirmou que elas estavam “estressadas” e que precisavam “dar uma relaxada”.

Relembre: Mulher com sintomas de Covid-19 denuncia médico por assédio

O terceiro caso ocorreu no Hospital dos Olhos de São Paulo na última segunda-feira (5). A representante comercial Angélica Santos contou que marcou uma consulta com o médico após ter ido à unidade no dia 19 de setembro para acompanhar os pais.

“Meu plano não é conveniado com essa clínica e eu nunca tinha passado com ele. Por causa da idade do meu pai, que tem 65 anos, também entrei na sala”, afirma.

Durante a consulta, o médico teria oferecido a ela para fazer o exame. “Falei que não tinha convênio lá. Ele falou para eu sentar que ia ver meu grau. Até achei estranho, porque eu não ia pagar a consulta, mas como estava lá, fiz”, explica.

O profissional, então, examinou a mulher e disse que o grau dela tinha aumentado, orientando-a a voltar outro dia para que pudesse fazer um exame específico. Segundo a jovem, a justificativa para um novo procedimento é que o médico queria ver as taxas hormonais dela.

“Eu tive uma filha há dois anos e ele disse que isso poderia influenciar no aumento do grau”, contou Angélica. A consulta foi marcada para o último dia 5. Angélica compareceu ao local com a filhinha, e inicialmente, a consulta correu bem, até que o médico pediu para que ela tirasse a máscara de proteção, pois faria o exame de vista novamente e o acessório poderia interferir. O procedimento específico, segundo a vítima, não teria sido realizado.

“Ele não fez o exame que disse que faria. Colocou uma luzinha nos meus olhos, disse que eu estava com uma alergia e que era estranho. Aí falou: ‘você precisa desestressar’”, explica. Nesse momento, a jovem disse ao médico que não tinha muito o que fazer, porque cuidava da filha sozinha. O homem perguntou, então, se ela é casada e sobre o pai da filha dela.

“Em seguida, ele começou a perguntar o que faltava em mim. Se era coragem, vontade ou oportunidade. Me perguntou várias vezes, só que eu não sabia o que responder, fiquei sem reação. Sempre falava que não sabia. Depois ele perguntou: ‘Se fosse agora, o que você faria para desestressar?’ Ainda falei que não faria nada”, conta.

Ao fim da consulta, a jovem foi pegar a receita do medicamento para sair da sala, já que não estava se sentindo bem com a situação. “Quando eu levantei, ele veio na minha direção, dizendo que eu precisava de um abraço. Eu não queria abraçá-lo. Ele me abraçou e me beijou à força. Eu empurrei ele e fui para trás. Ele pegou a minha mão e passou na calça dele, nas partes íntimas”, afirma.

Ela contou que não conseguiu gritar ou pedir socorro. Depois que conseguiu se soltar, Angélica pegou a filha e saiu do consultório. “A gente [vítimas] se sente envergonhada. Mandei mensagem para a minha mãe contando o que ocorreu”, conta. Angélica pensou em não denunciar, mas ao pesquisar na internet sobre o médico, encontrou os outros dois casos de Vivian Herculano Salvatore e Jocimari Fonseca.

A jovem procurou por Vivian e, ao conversar com ela, percebeu que o médico falou a mesma coisa para ambas. Diante disso, a representante comercial decidiu fazer a denúncia.

“Ele ainda me falou: ‘vou te ver daqui a dez dias’, mas eu não vou voltar. Parece que não foi comigo, que vi na televisão. Nunca imaginamos que vai acontecer conosco. Nunca mais vou a uma consulta sozinha”, finaliza.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS