Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 04/Set/2020 às 14:47 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Policiais são investigadas por "uso indevido de farda" após desafio no TikTok

Publicado em 04 Set, 2020 às 14h47

PMs são investigadas por uso 'indevido' da farda após participarem de desafio no TikTok. “Não sei o motivo de estarem fazendo isso. nós nem sabemos do que estamos sendo acusadas”, desabafou uma policial. Caso é visto como uma manobra para mascarar preconceito e machismo

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(Reprodução/TikTok)

Policiais militares do Piauí estão sendo acusadas de “transgressão militar” por “uso indevido de farda” após participarem de um desafio na rede social TikTok. O Comando da Polícia Militar do Piauí informou que, ao todo, sete mulheres são investigadas.

O vídeo foi gravado no mês de abril. Nas imagens, as mulheres aparecem com o uniforme da PM e, em seguida, com outros trajes. A sargento Elineuda Morais contou que teve a ideia após ver outras policiais participando do “desafio”.

“Eu vi que era uma forma de enaltecer a beleza da policial e valorizar o nosso trabalho, que a mulher pode estar no lugar que quiser. Eu convidei as meninas e elas aceitaram. Cada uma gravou de sua casa, eu juntei e saiu o vídeo”, afirmou Morais.

Meses depois, as policiais foram surpreendidas ao receberem um aviso de que uma portaria seria aberta para apurar a conduta delas no vídeo. Entretanto, o documento não informava qual transgressão disciplinar as mulheres cometeram.

“Não sei o motivo de estarem fazendo isso. Eles enviaram uma portaria para ser instaurada e apurar os fatos. Mas na portaria não tem dizendo o que nós fizemos, só diz que foi transgressão, mas lá não aponta nenhuma. Então nós nem sabemos do que estamos sendo acusadas”, disse a sargento.

Para o advogado das policiais, Otoniel Bisneto, não foi cometida nenhuma transgressão disciplinar em relação ao fardamento como é apontado pela corregedoria.

“Não há nenhuma caracterização de uso indevido de uniforme. Seria se o soldado tivesse utilizando a farda do sargento ou vice-versa. Então não existe nenhuma irregularidade referente a elas. Por isso, elas não estão cometendo nenhuma transgressão disciplinar de acordo com a legislação. Fica claro que é uma manobra do comando-geral da polícia tentando mascarar o machismo”, alegou Bisneto.

O advogado também questionou o comunicado da portaria ter chegado apenas agora para as policiais. “Tantas coisas mais importantes para a corporação estar se preocupando, está tentando controlar isso. Não é porque as policiais se submetem a uma hierarquia dentro da polícia que deixam de ser mulheres, mães, esposas. Elas não fizeram nada para desrespeitar a farda, não é um crime. É um absurdo algo assim em pleno século XXI. Além do mais, a sindicância foi aberta em abril e elas foram comunicadas apenas agora, sem nem saber direito do que se tratava, como podem se defender?”, acrescentou Otoniel.

Por meio de nota, a corporação rebateu as acusações de machismo e alegou que “não existe preconceito dentro da instituição”.

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