Redação Pragmatismo
Racismo não 21/Set/2020 às 17:46 COMENTÁRIOS
Racismo não

Pedagoga negra leva soco de PM durante abordagem em Macapá

Publicado em 21 Set, 2020 às 17h46

Além de agredida fisicamente, pedagoga foi chamada de "preta" e de "vagabunda". Policial foi afastado após a repercussão das imagens

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Um vídeo registrou o momento em que uma mulher negra leva um soco no rosto durante uma abordagem policial em Macapá (AP). O caso ocorreu na noite da última sexta-feira, 18, e as imagens da agressão viralizaram nas redes sociais.

A mulher que aparece nas imagens é a pedagoga Eliane Espírito Santo da Silva, 39 anos. Ela foi presa por resistência, desacato e desobediência.

A Polícia Militar (PM) do Amapá disse tratar-se de um caso isolado e que vai apurar. Os três agentes que participaram da abordagem foram afastados das funções.

Em nota, o governador do Amapá Waldez Góes descreveu que a ação foi “recheada de atitudes racistas”. Por isso, ele informou que determinou ao comando da PM a “apuração criteriosa e rápida dos fatos”.

Após ser agredida com um soco, a mulher foi levada para a delegacia, onde foi liberada após pagar R$ 800 de fiança.

“Para mim isso foi uma tortura, mexeu muito com meu psicológico. […] Eu fui chamada de preta, fui chamada de vagabunda por eles na delegacia. Eu me senti ofendida e para mim foi um preconceito muito grande, porque éramos os únicos negros ali”, disse Eliane.

“O correto era todo mundo ser ouvido. Por que eu vou pagar fiança por um crime que eu não cometi? Por que o policial me agrediu se eu não ofendi ele e estava apenas fazendo um vídeo?”, completou.

Entenda o caso

De acordo com Eliane, a abordagem iniciou quando ela estava dentro do carro de um amigo da família, na frente de casa. No veículo estavam ela, o marido, dois amigos, um adolescente de 15 anos, e uma sobrinha de 4 anos.

A pedagoga descreveu que três policiais militares iniciaram a revista nos homens, enquanto mandaram ela ir para o outro lado da rua. Eliane também começou a gravar um vídeo do próprio telefone, que foi apreendido pela equipe.

O marido dela, Thiago da Silva, também foi detido pelas mesmas acusações. Eliane afirmou que, antes de ser presa, ele também questionou a abordagem; em seguida um dos policiais teria mandado ele calar a boca, o chamado de “vagabundo”, e dado um soco nele.

“A polícia já abordou a gente apontando as armas para o carro. Abordou todo mundo menos eu; um deles deu um soco no estômago do meu marido. Eu falei para a equipe liberar o adolescente porque ele é do interior, e estava sob minha responsabilidade. Eu atravessei, fiquei na calçada de casa. Só um deles me agrediu”, comentou Eliane.

“A abordagem inicial foi me engasgar, me deu rasteira e me ‘murrou’. Eu não tive reação, eu apanhei, só fiz gritar para a população ver o policial me agredindo desnecessariamente. Em nenhum momento houve desacato, em momento algum eu o agredi verbalmente, ele que já veio me agredindo fisicamente”, acrescentou.

“Minha família está com medo de represália, de fazerem algo com meu filho. Ele é trabalhador. Eu trabalho na minha casa, passei um constrangimento na frente de casa, do meu trabalho”, pontuou.

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