Redação Pragmatismo
Educação 17/Set/2020 às 11:46 COMENTÁRIOS
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Mulher acusada de fraudar cota para entrar na PF pediu exoneração

Publicado em 17 Set, 2020 às 11h46

Mulher aprovada em concurso da Polícia Federal em vaga destinada a candidatos negros diz que pediu exoneração para cuidar de empresa familiar. Glaucielle Dias, que passou pela banca examinadora, se manifestou através de seu advogado. Revista e internautas acusaram mulher de ter se caracterizado

Glaucielle Dias
Glaucielle Dias

Uma denúncia anônima feita nas redes sociais levou o nome de Glaucielle Dias aos assuntos mais comentados da internet brasileira nas últimas 48 horas. A mulher, que aparenta ser branca, passou em um concurso da PF na vaga destinada a cotistas negros.

Segundo a revista Painel Político, Glaucielle teria se caracterizado para ser aprovada pela banca examinadora. De acordo com a revista, o marido dela, que também é policial federal, pediu exoneração da corporação. O casal informou que saiu da PF para se dedicar à sua própria empresa.

O homem usou o Instagram de Glaucielle para se justificar. No vídeo, ele afirma que ela passou por todas as etapas que o concurso impõe, inclusive pela banca examinadora do sistema de cotas.

Uma portaria de Nº 12.863, publicada no dia 24 de maio de 2020, promoveu Glaucielle da Silva dias para a função de Chefe do Núcleo de Operações de Delegacia de Polícia Federal em Guajará-Mirim, em Rondônia.

Glaucielle usa a conta do Instagram para motivar pessoas a estudarem para concurso público. Segundo o marido, ela não teve forças para se manifestar.

Na internet, várias pessoas ficaram chocadas com a mudança de Glaucielle na entrevista e na vida diária. “Tão bizarro que eu demorei para entender o que estava rolando”, diz um internauta.

“Essa menina vendia cursos e dicas de como passar em concurso público aqui no Instagram, parecia ser algo sério e motivador. Não dá pra confiar em ninguém mesmo”, escreveu outra.

Defesa de Gracielle

Por meio de uma nota assinada por seu advogado, Gracielle Dias se manifestou sobre o caso. O texto da defesa diz que as fotos que viralizaram nas redes de fato foram tiradas pela banca examinadora do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE), responsável pelo concurso em questão.

O advogado confirma ainda que sua cliente se declarou como negra no concurso e citou o “difícil histórico familiar” da candidata, o qual, de acordo com ele, teria “sensibilizado” os examinadores.

O advogado usa o argumento de que Glaucielle é filha de empregada doméstica, estudou em escola pública e precisou trabalhar para pagar sua faculdade particular. Outro argumento citado na nota é que a cliente não teve acesso a lazer ou a “cuidados de beleza” durante um ano e sete meses, período em que se dedicou ao concurso. Ele diz ainda que as imagens das redes sociais de Glaucielle possuem “filtros” que estariam mascarando sua real aparência.

Nota do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos, da Universidade de Brasília (Cespe/ Cebraspe)

“O Cebraspe informa que todos os candidatos do concurso para a Polícia Federal (PF) que concorreram às vagas reservadas aos candidatos negros, que fizeram a autodeclaração no momento da inscrição e que foram aprovados nas provas se submeteram ao procedimento de heteroidentificação complementar à autodeclaração. Esse procedimento consiste basicamente na análise do fenótipo do candidato: a banca avalia se o candidato possui características físicas de uma pessoa negra, por meio da verificação da textura dos cabelos, da cor da pele, entre outras. Esse procedimento é feito por banca composta por cinco membros, todos com experiência em políticas públicas de enfrentamento ao racismo. Para garantir a lisura do procedimento e evitar fraudes, os editais possuem uma regra que traz a possibilidade de eliminação do candidato quando se constata que a autodeclaração feita no momento da inscrição é falsa.

Ainda sobre o caso citado, compete ao Cebraspe observar a legalidade dos procedimentos relacionados ao concurso público e garantir as informações e documentos necessários para eventual apuração de crime. Havendo suspeita ou denúncia de que fraude tenha ocorrido, o que cabe a este Centro é enviar todas as informações necessárias à apuração para a polícia, que procederá com as investigações.

O Cebraspe reforça, ainda, que repudia tentativas de fraudes que maculem o sistema de cotas para negros.”

(imagens abaixo)

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