Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 31/Ago/2020 às 23:21 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

PM que estuprou mulher em Copacabana está solto e vítima deixa a cidade

Publicado em 31 Ago, 2020 às 23h21

De farda, PM passou pela portaria do condomínio, subiu até o apartamento da vítima e a estuprou. Ele ficou apenas três dias preso e já está em liberdade. Assustada, a vítima precisou deixar o Rio de Janeiro. Exame feito no IML comprovou o crime

pm mulher copacabana
(Imagens: Reprodução)

Um policial militar denunciado por estuprar uma mulher em Copacabana, Zona Sul do Rio, chegou a ser preso administrativamente pela própria corporação, mas já foi solto e responde em liberdade.

Em nota, a Secretaria estadual de Polícia Militar informou que o policial “foi preso administrativamente e foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM), já tendo sido solicitada, inclusive, a prisão preventiva do mesmo junto à Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro (AJMERJ)”.

Inicialmente, a corporação afirmou que o policial estava preso, mas, após diversas matérias publicadas pela imprensa, a PM informou que “após o período inicial em reclusão, e diante do pedido já encaminhado à esfera judicial, o policial segue respondendo em liberdade e afastado do serviço nas ruas”.

O estupro teria ocorrido no dia 24 de agosto. A movimentação do policial no edifício foi registrada por imagens de segurança do condomínio.

Uma semana antes do crime, o policial esteve no prédio para atender uma ocorrência de briga entre vizinhos. No dia 24, o homem retornou sozinho ao condomínio e, na portaria, disse ao porteiro que precisava ir até o apartamento da mulher para “finalizar a ocorrência”. O funcionário permitiu a entrada do homem.

Ao chegar no apartamento, o homem imobilizou a mulher, forçou a entrada e cometeu o estupro. “O que mais me entristece é saber que eu vivo hoje como prisioneira, e um policial que cometeu todos os erros está solto, está bem. Porque eu não tenho saúde mental. Eu não durmo, minha mãe não dorme”, contou a vítima.

A advogada da vítima, Bárbara Muniz, cogita pedir medidas de proteção à cliente para garantir a segurança dela. “Ela [a vítima] está com muito medo e vamos tentar uma medida protetiva, mesmo fora do âmbito da Lei Maria da Penha, por conta da vulnerabilidade social dela e por conta do crime ter sido cometido por um agente de segurança”, informou a advogada.

A vítima passou por constrangimentos na hora de denunciar o crime ao Batalhão da PM. “Eles [os PMs que colheram o depoimento] me perguntaram como eu tinha dinheiro para morar em Copacabana, perguntaram como eu pagava as minhas contas, o motivo pelo qual deixei o PM entrar, tentavam fazer pegadinhas na hora do reconhecimento do policial por foto. Quem tem que ser questionado é ele, não sou eu”, desabafou.

O laudo do IML confirmou vestígios de violência em ato sexual. “Eu não quero criminalizar a instituição, quero responsabilizar o meu agressor. Há o exame médico feito no IML, há imagens do circuito interno do prédio que mostram ele chegando tranquilo e indo embora de cabeça baixa. O porteiro chega a chamá-lo e ele não responde, só vai embora. Há um livro de visitas na portaria que menciona o nome dele e a hora que ele esteve aqui. Eu não posso ficar presa e ele em liberdade”, concluiu a vítima.

O caso é acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A deputada Renata Souza criticou o atendimento policial após o crime. “Lamentamos demais a situação vexaminosa que ela passou dentro da delegacia. Onde ela deveria estar sendo acolhida, ela foi revitimizada. Este é um problema sério, é reprovável que diante de tamanha dor a vítima tenha sido tratada assim dentro da delegacia. É também simbólico: um policial que tinha conhecimento de que a vítima morava sozinha e diante da certeza de impunidade, comete o crime com a farda”.

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