Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 17/Jul/2020 às 11:05 COMENTÁRIOS
Jair Bolsonaro

Ex-mulher comprou 14 imóveis enquanto era casada com Bolsonaro, muitos com dinheiro vivo

Publicado em 17 Jul, 2020 às 11h05

Ana Cristina Siqueira Valle entrou sem nada em sua união com o hoje presidente. Uma década depois, a mágica: saiu da relação com patrimônio milionário. Foram 14 imóveis comprados durante o casamento com Jair Bolsonaro, parte deles com dinheiro vivo

esposa bolsonaro
(Imagem: Marcos Ramos/Agência O Globo)

Juliana Dal Piva e Chico Otávio, Época

Durante a década em que esteve com Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda ex-mulher do presidente, conquistou uma significativa evolução patrimonial.

Quem a vê agora andando pela Câmara Vereadores de Resende, sempre maquiada, cabelo louro impecavelmente escovado, cortado em estilo long bob (mais comprido na frente do que atrás) e salto fino, se recorda pouco da assessora parlamentar sem nenhum imóvel dos anos 1990, quando trabalhava no gabinete do deputado federal pela Bahia Jonival Lucas e conheceu seu futuro segundo marido — até se relacionar com Bolsonaro, ela era casada com um coronel da reserva do Exército.

Uma vez vivendo a nova união, ela se transformou em uma ávida negociadora imobiliária, como revela um levantamento de ÉPOCA feito com base em quase 40 escrituras de compra e venda e 20 registros em cartórios no Rio de Janeiro e em Brasília.

Do final de 1997, quando se envolveu com o então deputado federal, até 2008, momento do ruidoso rompimento, Ana Cristina comprou, com Jair, 14 apartamentos, casas e terrenos, que somavam um patrimônio, em imóveis, avaliado em cerca de R$ 3 milhões na data da separação — o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação.

Bolsonaro, quando se uniu a ela, também estava longe de possuir o patrimônio atual. Na época, tinha apenas dois apartamentos no Rio e um terreno onde depois construiu uma casa, na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis. Um deles ficou com a primeira mulher, Rogéria Nantes Bolsonaro.

Tudo havia sido adquirido entre 1996 e 1997, ano em que se separou de Rogéria. Foi na década seguinte, a mesma em que se concentra parte da investigação das rachadinhas (a conhecida prática de devolução de salários de assessores aos políticos que os contrataram) nos gabinetes de Flávio e Carlos, que a carteira imobiliária de Ana Cristina se multiplicou.

Nas escrituras guardadas há quase 20 anos, há informações que despertam a atenção: na compra de cinco desses 14 imóveis, o pagamento ocorreu “em moeda corrente”, ou seja, em dinheiro vivo.

Foram duas casas, um apartamento e dois terrenos — tudo feito em negociações separadas ocorridas entre 2000 e 2006, que somam R$ 243.300, em dinheiro da época. Hoje, esse montante somaria R$ 680 mil, com a inflação corrigida pelo IPCA de acordo com a data de cada compra.

Depois da separação, ela ficou com nove imóveis. Entre os bens mantidos por Ana Cristina, havia cinco terrenos em Resende que levam a outras transações incomuns. No total, o casal declarou ter adquirido o conjunto de terras por R$ 160 mil em 2006, quando ainda estava junto. Após o litígio, cinco anos depois, ela revendeu os terrenos por R$ 1,9 milhão.

O comprador que contribuiu para essa incrível valorização é um personagem envolvido em outras transações nebulosas: o empresário do setor de transportes Marcelo Traça.

As compras, em março e julho de 2011, foram feitas por uma empresa da qual ele é sócio, a Alambari Empreendimentos e Participações Ltda. Traça é um conhecido delator da Operação Lava Jato no Rio e admitiu, em sua colaboração premiada, que adquiria imóveis como forma de lavar dinheiro.

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