Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 24/Jun/2020 às 18:21 COMENTÁRIOS
Jair Bolsonaro

Por que causou espanto o voto de Lya Luft em Jair Bolsonaro?

Publicado em 24 Jun, 2020 às 18h21

Escritora Lya Luft diz que se arrepende de ter votado em Bolsonaro. Mas a revelação do voto da escritora está fazendo mais barulho do que o arrependimento

Lya Luft Bolsonaro
Lya Luft (Imagem: Fãs da Psicanálise)

via Página Cinco

Jair Bolsonaro cogitou ‘metralhar a petralhada’. Falou em arrobas para se referir ao peso de negros e em matar 30 mil para que o Brasil começasse a melhorar. Afirmou que ‘ter filho gay é falta de porrada’ e que pelo voto não se muda nada. Sempre elogiou a sanguinolência dos militares durante a ditadura. Vociferou: “As minorias têm que se curvar às maiorias”. E Lya Luft foi lá e apertou o 17.

Respeito a inteligência da escritora, por isso tenho certeza de que levou em conta todas essas informações na hora de escolher o voto. Seu direito, faz parte da democracia que agora ela mesmo assume estar em perigo ou já ter ido pro brejo.

“Parece que vivemos uma ditadura branca, uma coisa estranha, onde ele [Bolsonaro] decreta e tem que ser como ele quer. Mesmo em assunto em que ele não entende [novo coronavírus], quando estão morrendo milhares de pessoas. Essas distrações dos líderes na sua própria cobiça, a distração do sofrimento das pessoas, estão me deixando muito muito entristecida, é preciso cuidar das pessoas”, disse à Folha a autora de “Perdas e Ganhos”. Parece se dar conta do quanto estamos perdendo.

“Muita gente da minha família, que jamais votaria nele, porque ele não se portava bem mesmo como deputado, queria mudar. Alckmin estava muito sem possibilidade. Queria outro Brasil e deu no que deu”, acrescenta.

Está fazendo bastante barulho a revelação do voto de Lya. Para alguns, parece espantoso descobrir que uma escritora bem conhecida vota em alguém que nunca escondeu a paixão pelo que há de pior no ser humano (o ídolo de Bolsonaro é um torturador, não custa lembrar).

[…]

É bobagem pensar que arte e cultura são coisas de esquerda, como muitos insistem em vociferar. É coisa de gente. Sendo assim, nessas áreas encontramos pessoas de todo o espectro político.

Se por acaso os pensamentos progressistas parecem maioria, que bom, são eles que podem fazer do mundo um lugar mais humano, mais plural, mais democrático. Um mundo livre até para outro artista cravar seu voto em quem ataca tudo isso. Entendo o arrependimento de Lya, só não compreendo o tom de surpresa com o governo que ajudou a eleger.

O jornalista Leandro Fortes comentou o burburinho em torno da revelação do voto de Lya Luft. Leia abaixo:

A cristandade oculta da esquerda namastê está, outra vez, em polvorosa conosco, os radicais da revolução não cumprida, porque queremos mais é que Lya Luft e essa cambada de fascistas arrependidos queimem no mármore do inferno, se possível, ainda durante a pandemia da Covid-19.

Luft é uma mulher de 81 anos, autodeclarada intelectual e culta, autora de trocentos livros intragáveis sobre os tormentos existenciais da classe média estúpida que a lê (ou lia, sei lá), na revista Veja, onde escreve (ou escrevia, não faço mais a menor ideia) artigos cheios dessa positividade branca absolutamente inútil.

Era da guarda pretoriana da famiglia Civita, em honra da qual ajudou a criar e nutrir o monstro do antipetismo, de forma fria e calculada, para satisfazer o público alvo da revista – uma pequena burguesia de remediados ignorantes e iletrados, uma gente apavorada que encontrava nos textos dessa senhora uma razão para louvar a própria mediocridade e odiar a esquerda.

Nas eleições de 2018, entre um professor comprometido com a luta pelas desigualdades sociais e um demente rasteiro e cretino, ela optou pelo segundo. Queria, ela mesma afirma, uma “trégua do PT”. Ou seja, é responsável direta pela tragédia em que todos, inclusive os que não votaram em Jair Bolsonaro, estamos metidos.

Lya Luft não está arrependida, nem mesmo pediu desculpas. Está, isto sim, com medo do que vai acontecer a ela e a todos os operadores da direita dentro da mídia que, por ação e omissão, ajudaram a colocar no Palácio do Planalto um psicopata cercado de débeis mentais. Temem um Nuremberg pós-Bolsonaro.

Essa gente não tem que ser perdoada e, principalmente, não deve ser esquecida. Muito menos tratada como aliada.

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