Redação Pragmatismo
Corrupção 25/Jun/2020 às 20:52 COMENTÁRIOS
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Desembargador que salvou Flávio Bolsonaro chamou governadores de "loucos"

Publicado em 25 Jun, 2020 às 20h52

Investigação do esquema de Flávio Bolsonaro sai da primeira instância e defesa do senador comemora. Desembargador que desempatou o recurso é muito conhecido e querido no meio bolsonarista. Sócio de réu do escândalo da saúde no Rio, Paulo Rangel chamou governadores de "loucos" durante a pandemia

Paulo Rangel
Paulo Rangel

A defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) celebrou a decisão dos desembargadores da 3ª Câmara Criminal do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), que aceitaram, por 2 votos a 1, o pedido para que a investigação do esquema de rachadinhas na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) deixe a primeira instância e vá para o Órgão Especial do próprio TJ, segunda instância da corte.

“Nós estamos todos muito contentes”, afirmou Rodrigo Roca, um dos advogados da defesa de Flávio Bolsonaro. Segundo Roca, que substituiu Frederick Wassef, a decisão do TJ-RJ é uma decisão natural, “de cumprimento de ritos”.

“Havia uma discussão sobre qual seria o foro apropriado para o julgamento, e hoje foi decidido. Isso foi um grande passo. Isso representou uma boa primeira etapa. Nós, hoje, vamos comemorar. Há um clima de comemoração. Mas amanhã começam os preparativos para o julgamento da causa”, disse Roca.

O desembargador que desempatou em defesa do filho do presidente é um velho e querido conhecido do meio bolsonarista. Paulo Rangel já posou com o juiz federal Marcelo Bretas em 2017 num estande de tiro no Rio de Janeiro.

A deputada Bia Kicis, investigada no STF, postou em abril trechos de uma live de Rangel criticando governadores e prefeitos por prender quem violasse a quarentena. “Estão cometendo crime de responsabilidade e precisam ser submetidos a exame de insanidade mental”, disse o desembargador.

Na mira do CNJ

Segundo apurou o jornalista Luis Nassif, o desembargador Paulo Rangel é sócio do empresário Leandro Braga de Souza, réu no escândalo da saúde no Rio de Janeiro. Desde o mês passado o corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins, determinou que o fato seja apurado.

O empresário Leandro de Souza foi preso no mês passado pela PF, acusado de pagamentos superfaturados na área da Saúde do Rio de Janeiro. Veja o que escreveu Nassif:

Curioso, o desembargador Paulo Sérgio Rangel, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, cujo voto foi decisivo para retirar o inquérito das rachadinhas das mãos do juiz Flávio Itabaiana e jogar para a Segunda Instância.

Poucas semanas atrás, Paulo Sérgio foi alvo de uma correição do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de comprar parte da LPS Corretora de Seguro, do empresário Leandro Braga de Souza, logo depois que Leandro foi preso na Operação Favorito.

Segundo explicações de Paulo Sérgio:

“Em razão de notícia jornalística ligando o meu nome ao de empresário preso na semana passada, com o objetivo de deixar tudo transparente, esclareço:

1 — Adquiri participação minoritária em corretora de seguros, onde figuro como sócio cotista, sem poder de administração, na forma do artigo 36,I,da LOMAN;

2 — A empresa é voltada ao setor privado e não possui qualquer relação com qualquer investigação criminal em curso. A investigação é contra ex-sócio que se retirou em janeiro de 2020, bem antes da crise da saúde;

3 — O CNJ receberá todas as informações.”

Quem é o ex-sócio Leandro Braga de Souza:

* Diretamente envolvido com escândalos de saúde do Rio de Janeiro, trabalhando na rede de lavagem de dinheiro de Mário Peixoto, o cappo do esquema. Ele era dono de uma fornecedora de medicamentos, a LP Farma, e encarregado da distribuição de lucros da organização.

* Um de seus clientes era o Data Rio, Organização Social que está no centro dos escândalos de saúde do Rio.

* Mantinha negócio com a Prefeitura do Rio de Janeiro. Tem uma empresa nos Estados Unidos em sociedade com Maressa Crivella, nora do prefeito Marcelo Crivella, na empresa LP Participações LLC, copm sede em Orlando.

O desembargador Paulo Rangel com o juiz Bretas em estande de tiro

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