Redação Pragmatismo
Direita 20/Mai/2020 às 15:10 COMENTÁRIOS
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"Cidadão de bem" ataca criança de 4 anos e é demitido do emprego

Publicado em 20 Mai, 2020 às 15h10

Apoiador de Jair Bolsonaro ataca médica que declarou oposição ao presidente e envia mensagem ameaçadora falando sobre a sexualidade do neto dela de 4 anos. Episódio virou caso de polícia e revista em que o homem trabalhava se posicionou

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Milton Pereira Alemão deletou seus perfis nas redes sociais após a repercussão do caso

Um apoiador de Jair Bolsonaro (sem partido) atacou uma médica que criticou o presidente e também ofendeu o neto da profissional de saúde — uma criança de apenas 4 anos. O nome do agressor é Milton Pereira Alemão.

No texto, Milton fala da sexualidade da criança e insinua que a médica (avó) o ensinava a ser criminoso. Ele apagou a postagem e bloqueou seu perfil após a repercussão do caso e acabou sendo demitido da revista onde trabalhava por conta da publicação.

Tudo começou quando a médica Maria Helena Pereira, de 56 anos, decidiu interagir em uma postagem feita nas redes sociais de um amigo. Contrária ao presidente, a profissional da saúde comentou “Eu odeio o Bolsonaro” e, em seguida, disse que não entendia como as pessoas conseguiam apoiá-lo.

Outros usuários que são a favor do governo questionavam o posicionamento, alegando que este governo seria bom para futuras gerações. Ainda interagindo, Helena disse que nem o neto apoiava o atual presidente, como brincadeira. Depois do comentário, Milton Pereira Alemão apareceu e enviou a mensagem com cunho ameaçador, falando sobre a sexualidade da criança.

“Por um acaso seu neto sabe enfiar um crucifixo no “C”. Por um acaso, seu neto adora roubar as canetas dos amiguinhos, por um acaso seu neto enfia o dedinho na Batota da vovó”, diz trecho do comentário do homem.

Ao longo do comentário, Milton faz insinuações sobre a sexualidade da criança e da médica, alegando que ela estaria ensinando incesto para o neto, e finalizando que “essas são as ideologias das pessoas que condenam o Bolsonaro”.

A família de Helena decidiu tirar fotos dos comentários e publicou nas redes sociais como forma de repúdio às falas do homem. “Na hora que eu li, fiquei passada com a falta de respeito. Foi muito desagradável tudo isso”, declara a médica. De acordo com a família de Helena, eles gostariam de uma retratação após a fala.

A filha de Helena, Júlia Pasqualini, explica que a foto de perfil da mãe era junto com o neto, seu filho de quatro anos, e isso incomodou ainda mais a família.

“A foto da minha mãe era dela com o meu filho, dava para ver que era uma criança, que ele [Milton] se referia a uma criança pequena. Olha o que um cara, que se dizia cidadão de bem, fez. Não dá para deixar isso quieto”, declara.

Depois da repercussão, a família fez um boletim online na última quinta-feira (19), no 3º DP de Santos, para registrar o caso. De acordo com Júlia, eles não queriam problemas com a situação, apenas uma retratação por parte do agressor.

Nota da Revista

A revista em que o homem trabalhava se posicionou após receber mensagens de pessoas que acompanharam o caso. Em uma publicação, a empresa disse que repudia a postura de Milton e, posteriormente, informou que ele foi demitido.

“Nós da Alma Surf, temos uma extensa rede de colaboradores, o Milton Pereira é um desses, dentre outros no mundo inteiro. A opinião dele não nos representa em nada. A Alma Surf, aliás, repudia e não aceita nenhum tipo de discriminação, ofensa e agressão, por questões ideológicas, sexuais ou de qualquer natureza. Estamos tomando as devidas providências, obrigado pelas informações.”

(imagem do comentário publicado por Milton Alemão)

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