Redação Pragmatismo
Saúde 01/Abr/2020 às 18:04 COMENTÁRIOS
Saúde

Morto pelo coronavírus, professor da UERN ajudava alunos com dinheiro do próprio bolso

Publicado em 01 Abr, 2020 às 18h04

Um homem inteligente, "cientista nato" e, acima de tudo, bondoso. Professor da UERN vítima de coronavírus ajudava secretamente estudantes pobres com dinheiro do próprio bolso. "Ele inventava uma bolsa que o aluno receberia, mas que, na verdade, era paga por ele", conta colega

professor Luiz Di Souza coronavírus
O professor Luiz Di Souza

O professor universitário Luiz Di Souza, de 61 anos, foi a primeira pessoa a morrer de coronavírus no Rio Grande do Norte. O docente da UERN teve febre e tosse e procurou o hospital no dia 18 de março. Ele foi medicado e voltou para casa.

Sem melhora, Luiz voltou ao hospital no dia 21 e pediu para fazer o teste de coronavírus. “O médico pediu uma tomografia do pulmão e quando saiu o resultado ele internou o Luiz direto na UTI”, conta a esposa, Margareth Souza.

“No domingo ele foi para o quarto. Ele estava se recuperando, cada dia era uma melhora maior. Aí no sábado a noite ele foi colocar um shorts e isso deu um cansaço muito grande, uma falta de ar. Os médicos levaram ele pra UTI, e lá ele teve uma parada cardiorrespiratória e não voltou”, conta Margareth.

A família só foi informada do resultado positivo do teste de coronavírus após o óbito. “O resultado saiu no dia 27, mas a gente só foi comunicado depois da morte dele”, explica a esposa.

Luiz Di Souza era lotado no Departamento de Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). As aulas na instituição estão suspensas desde o dia 15 de março, justamente para conter o avanço da doença no estado. A Universidade emitiu nota onde lamenta a morte do professor.

“Financiava” alunos pobres

Segundo relatos de alunos, Luiz Di Souza estava sempre à disposição em seu laboratório para ajudar na disciplina dele ou de outros. “No decorrer do curso, foi se tornando um pai para todos nós”, afirma a ex-estudante Ronale Azevedo, 30.

A colega Kelania Mesquita, também do departamento de química da UERN, conta que, para ajudar os alunos pobres do curso, Souza inventava uma bolsa que o aluno receberia, mas que, na verdade, era paga por ele, muitas vezes, secretamente. “Era um profissional competente e exigente, ao mesmo tempo que era acolhedor”, diz.

A filha Maria Paula, de 19 anos, diz que o pai, que amava viajar, não tinha feito nenhuma viagem recentemente e que a suspeita é de que tenha sido contaminado no contato com outra professora da universidade, que deixou a UTI na segunda (30) e segue em isolamento.

Além da esposa Margareth e da filha Maria Paula, o professor deixa um outro filho, Kassyo, e uma neta. Luiz Di Souza era diabético e, portanto, integrava o grupo de risco.

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