Redação Pragmatismo
Saúde 03/Abr/2020 às 17:18 COMENTÁRIOS
Saúde

Estudo de Harvard alerta para grave impacto da pandemia no Brasil

Publicado em 03 Abr, 2020 às 17h18

Especialistas de Harvard alertam Brasil que faltarão UTIs no país já neste mês de abril. Estudo foi solicitado pelo próprio Ministério da Saúde brasileiro para avaliar impactos no sistema público. A pesquisa apontou as medidas que precisam ser adotadas pelo governo Bolsonaro

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Imagem: Cadu Rolim/Fotoarena//Estadão Conteúdo

Um estudo feito por especialistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, aponta que o Brasil terá falta de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), leitos e ventiladores mecânicos nas principais capitais já neste mês de abril por conta da epidemia de coronavírus.

A pesquisa foi elaborada a pedido do Ministério da Saúde brasileiro, informou o secretário de Vigilância Sanitária, Wanderson de Oliveira. O estudo sugere ainda que o governo federal tome o controle dos hospitais privados para minimizar os problemas de atendidos.

Durante entrevista coletiva hoje, Oliveira confirmou que a análise foi encomendada para analisar os impactos do coronavírus no sistema de saúde brasileiro e que foram considerados diversos cenários de propagação da pandemia pelo Brasil. Ele disse que não sabia que o estudo seria publicado.

Os autores concluem que o país terá problemas com os equipamentos mais críticos para tratamento da doença já neste mês. Eles detalham inclusive previsões de data para que isso ocorra nas cidades em diferentes cenários de propagação da doença.

Em todos elas, é estimado que nove capitais — São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Brasília, Fortaleza e Manaus — terão problemas com leitos, unidades intensivas e ventiladores mecânicos.

“Nossos cenários simulados mostram que os serviços de hospitais podem experimentar falta de leitos, unidades intensivas e ventiladores para as macrorregiões tão cedo quanto abril”, diz o texto, em que é ressaltado que o caso mais problemático será o das unidades de tratamento intensivo.

O estudo de Harvard também indica que a oferta de leitos e unidades intensivas pelo SUS é desigual entre as regiões. E ressalta que, para retardar a falta de equipamentos, tem de haver compartilhamento nas áreas públicas e privadas: “Uma alternativa para aliviar isso temporariamente é colocar todos os hospitais privados no controle do Estado, como adotado pela Espanha”.

Pela descrição do documento, a epidemia deve exacerbar as desigualdades “se os que confiam só no SUS forem atingidos mais fortemente”.

Há uma preocupação manifestada com a dificuldade de executar o isolamento social em comunidades mais carentes por causa das características das moradias e da proximidade entre as pessoas. A avaliação do estudo é de que, nestas condições, a transmissão, pode ser mais rápida.

Apesar dos problemas apontados, o estudo conclui que o Brasil tem uma posição única para enfrentar a covid-19 por ter um sistema único de saúde e poder aprender com erros e sucessos de outros países. Mas ressalta que, para isso, entre outros fatores, o combate à epidemia “requer uma mensagem unida das lideranças do país em vários níveis: federal, estadual e municipal”.

Escassez de respiradores mecânicos

Segundo o Ministério da Saúde, 33% dos municípios brasileiros têm, no máximo, dez respiradores mecânicos nos hospitais públicos e privados. O equipamento é essencial para garantir a sobrevivência de pacientes com quadros severos da Covid-19.

Atualmente, há 65.411 ventiladores mecânicos no país, sendo que 46.663 estão no Sistema Único de Saúde (SUS). Do total, 3.639 encontram-se em manutenção ou ainda não foram instalados. Não é viável prever, com exatidão, de quantos aparelhos o Brasil necessitará nas próximas semanas — dependerá do número de contaminações. Mas é possível dizer que a distribuição dos respiradores é desigual.

Não há cidades sem nenhum equipamento. Mas, em 861 municípios, existe apenas um ventilador mecânico disponível. A maior parte dos respiradores está nas capitais: elas concentram 47% do total de aparelhos. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Recife — as cinco capitais com maior quantidade absoluta — possuem 26% dos respiradores do Brasil.

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