Redação Pragmatismo
Meio Ambiente 25/Out/2019 às 13:41 COMENTÁRIOS
Meio Ambiente

Menino coberto de óleo é a imagem da tragédia no litoral do Nordeste

Publicado em 25 Out, 2019 às 13h41

Percorreu o mundo a imagem do menino sujo de óleo saindo do mar com os olhos fechados e os braços abertos, em um gesto de impotência. Já se foram dois meses desde o início da tragédia ambiental sem que o governo brasileiro faça nada além de politicagem e disseminação de fake news

menino coberto petróleo
Menino sai do mar repleto de óleo no Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco (foto: LEO MALAFAIA/AFP)

A imagem deu a volta ao mundo: um menino sai da água do mar com os olhos fechados e os braços abertos, em um gesto de impotência, com o corpo coberto por um saco de lixo, empapado do óleo que há quase dois meses se espalha pelo litoral nordestino.

O Clarín (Argentina), New York Times (EUA), SVT Nyheter (Suécia), Hamshahri (Irã) e a Agência France Press (AFP) publicaram a imagem.

Foi registrada pelo fotógrafo Léo Malafaia, da Folha de Pernambuco, na praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco), em 21 de outubro, por volta das 11h da manhã. O fotógrafo compartilhou sua foto no Instagram, junto à uma sequência de registros.

Naquele dia, Everton Miguel dos Anjos, de 13 anos, junto com os quatro irmãos e vários primos se somaram às centenas de voluntários que retiravam os resíduos de petróleo cru espalhados na areia ou incrustados nas pedras.

Entrou no mar com uma camiseta, mas a tirou quando viu o corpo enegrecido. Improvisou uma túnica com um saco de lixo e voltou para a água.

O jovem contou ao fotógrafo que sua mãe, que administra um bar na praia, brigou com ele quando viu as fotos, publicadas por muitos dos principais veículos de comunicação pelo mundo.

“Eu tinha pedido permissão para ajudar a limpar a praia e ela me deu, mas com a condição de que eu não me sujasse!”, disse Everton.

Nesta quinta-feira, quatro dias depois do registro fotográfico, apenas alguns fragmentos de petróleo eram vistos na praia. Desde o início da catástrofe, foram recolhidas mil toneladas de petróleo.

O vazamento foi avistado pela primeira vez na Paraíba em 30 de agosto e desde então foi detectado ao longo de 2.250 quilômetros, chegando a praias paradisíacas em uma região pobre e fortemente dependente do turismo.

Cerca de 200 localidades foram afetadas. Várias ONGs têm denunciado a lentidão das autoridades em reagir e a falta de recursos para combater o que muitos especialistas consideram a pior catástrofe ambiental do nordeste brasileiro.

Intoxicação

Após a foto do menino coberto por petróleo circular o mundo, especialistas alertam para o risco de intoxicação. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Química de Pernambuco, Sheylane Luz, substâncias presentes no petróleo cru estão entre os compostos mais tóxicos do óleo.

A volatilidade do material aumenta o risco de contaminação e por isso, para a especialista, luvas e galochas não são suficientes para a proteção de voluntários.

Foram pelo menos 17 voluntários que entraram em contato com óleo admitidos em um hospital no Litoral Sul de Pernambuco. Os pacientes tinham sintomas como vômito, enjoo e erupções na pele.

O Conselho Regional de Química de Pernambuco alertou que o contato com as manchas de óleo, mesmo indireto, traz riscos à saúde e pode até mesmo causar câncer. A Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) começou a coletar a água do mar em praias atingidas. As amostras serão enviadas para Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

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