Redação Pragmatismo
Política 25/Mai/2019 às 17:42 COMENTÁRIOS
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Homem que matou delegado do caso Zavascki esteve no clube de tiro de Carlos e Adélio

Publicado em 25 Mai, 2019 às 17h42

Assassino de delegado que investigava morte de Teori Zavascki frequentava mesmo clube de tiro que Adélio e Carlos. Seria apenas coincidência que figuras que acabam de ter um papel chave na história recente da República tenham passado pelo mesmo local?

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Teori Zavascki (imagem: reprodução/conexão jornalismo)

Vinicius Segalla, DCM

O clube de tiro .38, na cidade de São José, na Grande Florianópolis, é um local peculiar. Por lá – até onde se sabe, apenas por uma enorme coincidência – passam figuras que acabam por ter algum tipo de papel chave na história da República.

Uma dessas pessoas é Adelio Bispo, que deu uma facada em Jair Bolsonaro durante o período de campanha eleitoral. Ele esteve no local no dia 5 de julho de 2018, o mesmo dia em que chegou a Florianópolis, vindo de Montes Claros (MG).

Estava desempregado, mas arrumou dinheiro para ir treinar sua pontaria no clube, em que as atividades não saem por menos de R$ 100 a hora. Depois, passou um mês na cidade. A polícia nunca informou o que ele foi fazer lá.

Outros que frequentam o local – e fazem e postam vídeos com os intrutores, utilizam os dormitórios e instalações do clube – são os irmãos Carlos e Eduardo Bolsonaro (saiba mais aqui).

Carlos, aliás, tem o clube de tiro como seu lugar predileto para retiros espirituais, reflexões e fuga do estresse gerado pela rotina política. Dois dias após Adélio ter ido treinar sua mira no clube, Carlos chegou ao local para mais um fim de semana de descanso em meio às armas.

Mas não para por aí a lista de frequentadores ilustres do .38. Outro que costumava treinar seus dotes de atirador por ali era Nilton César Souza Júnior. Ele é dono do conhecido Nilton Dog, trailer de cachorro quente que vende a iguaria nas versões salgada e doce (é isso mesmo) na avenida General Eurico Gaspar Dutra, no Estreito, área continental de Florianópolis.

Conforme exibia em suas redes sociais, com fotos e vídeos, Nilton tinha um hobby: o tiro esportivo. Era frequentador assíduo do .38. Mas, as fotos foram retiradas das redes. Na verdade, seus perfis em redes sociais foram todos apagados.

Foi uma decisão aconselhada por seu advogado, desde que ele matou a tiros, em uma briga de bar, Adriano Antônio Soares, então delegado-chefe da Polícia Federal em Angra dos Reis.

Ele era o responsável pelas investigações da morte do ministro do STF Teori Zavascki, então relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

A arma utilizada tinha registro, seu proprietário sabia manuseá-la porque frequentava o clube .38 e quem atirou primeiro foi o delegado de polícia. Ou pelo menos isso é o que disse o advogado do vendedor de cachorro quente, na época do crime, maio de 2017.

“A arma tinha CR, que é o registro de circulação, ele praticava tiro esportivo na escola .38, em São José. Sobre o ocorrido, tenho informação de que o primeiro disparo partiu da arma da autoridade policial. Vamos esclarecer isso. Discutir quem deu causa, a legitimidade e ver se ocorreram excessos de algum dos lados”, afirmou, à época do crime, em maio do ano passado, Marcos Paulo Silva dos Santos.

Fatos e perguntas

Tudo isso, como se disse, não passa de coincidências, mas são também fatos jornalísticos. Ou não há interesse noticioso em contar que a pessoa que deu uma facada em Jair Bolsonaro esteve no clube de tiro que é o retiro espiritual de Carlos, que por lá esteve dois dias depois?

Para que se evitasse qualquer tipo de especulação, as autoridades que interrogaram Adelio Bispo poderiam responder a perguntas simples, como o que levou Adélio a viajar a Florianópolis, o que ele ficou fazendo por lá durante um mês, por que ele foi no clube de tiro .38, quanto dinheiro ele gastou por lá e quem pagou, se ele chegou a conhecer Carlos e se ele sabia que aquele clube era frequentado pela família Bolsonaro.

Veja também: “Acho que mandaram matar o meu pai”, diz filho de Teori Zavascki

Enquanto não se conhecer a resposta para perguntas como essas, há espaço para muitos imaginarem que tudo isso é mais do que só uma grande coincidência.

Documentário: A facada no mito

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