Redação Pragmatismo
Educação 02/Mai/2019 às 15:14 COMENTÁRIOS
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Estudante da USP é encontrado morto em elevador com armário na cabeça

Publicado em 02 Mai, 2019 às 15h14

Jovem era considerado garoto-prodígio: passou na USP sem cursinho pré-vestibular, ganhou medalha de robótica no ensino médio e era esportista. Mesmo sendo hétero, integrou equipe de homossexuais: "heterofobia é coisa de complexado"

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Filipe foi encontrado morto em elevador da USP (Imagens: instagram/divulgação)

Filipe Varea Leme, de 21 anos, estudante de Geografia, morreu na tarde de terça-feira (30) dentro do campus da Escola Politécnica da USP, no Butantã, Zona Oeste de São Paulo. A polícia investiga o caso.

Às 15h30, bombeiros encontraram o estudante preso no elevador do prédio da administração. Ele estava inconsciente, caído no chão, com um armário sobre a cabeça. O jovem era aluno da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e trabalhava como monitor na sala de informática da Poli.

A USP afirmou, em nota, que a Escola Politécnica (Poli) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), lamentam profundamente a morte de Felipe.

“A direção da Poli ressalta que preza pela adoção das medidas de segurança necessárias para a rotina do trabalho dentro de suas dependências. A escola informa, ainda, que prestará todos os esclarecimentos necessários para a elucidação dos fatos junto às autoridades competentes”, diz a nota.

“Neste momento de profunda dor, a Universidade se solidariza com familiares, amigos e toda a comunidade acadêmica. O Escritório de Saúde Mental da Universidade está prestando apoio à família”, completa o comunicado da USP.

Negligência?

Amiga de Filipe e também estudante de Geografia, Melissa Martins, 22, lamenta a morte do jovem e espera que alguém seja responsabilizado. “Ele foi negligenciado. Ele morreu porque alguém mandou ele fazer um trabalho que ele não deveria estar fazendo”, afirma Melissa.

“O trabalho de monitor é exclusivamente burocrático e intelectual. Não faz parte da função carregar móveis de um lado para o outro. Quem ordenou a um monitor que carregasse um armário? A gente acredita que foi negligência da USP. Esse não é um trabalho de um monitor, nem para alguém de 21 anos, franzino”, acrescenta a jovem.

Prodígio

Em 2008, ainda na sexta série, Filipe ganhou uma medalha de bronze na modalidade teórica nível 2 na segunda edição da Olimpíada Brasileira de Robótica.

Em 2015 foi aprovado no vestibular da USP. No ano seguinte, aos 19 anos, foi um dos escolhidos pela Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo para cursar Gestão de Recursos Naturais e Ambientais.

Em 2017 deu os primeiros passos na carreira acadêmica ao receber uma bolsa para iniciação científica na USP. Seu projeto chamava “Resistência Camponesa em uma Nova Proposta de Modelo Agrícola”.

Mesmo sendo heterossexual, Filipe ingressou em uma equipe homossexual de vôlei da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP). Dizia que “heterofobia é coisa de complexado”.

Em tom de brincadeira, uma descrição de Filipe pelo time de vôlei nas redes sociais dizia que “por motivo de heterossexualismo, ele não tem nenhuma diva pop em especial, mas reconhece que Beyoncé é boa”.

Durante o velório nesta quarta-feira (1), todo o time de vôlei apareceu uniformizado. Também compareceram colegas de ensino médio, da universidade e professores da USP. Os pais estavam inconsoláveis.

“Ele era uma pessoa muito aberta. Fazia amizade fácil. Era o típico aluno perfeito, o filho perfeito. Um multitalento, que passou no vestibular sem cursinho. Por que logo ele?”, questiona Melissa.

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