Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 04/Mai/2019 às 20:38 COMENTÁRIOS
Jair Bolsonaro

A indireta do Burger King ao presidente Jair Bolsonaro

Publicado em 04 Mai, 2019 às 20h38

“Pode ser homem, mulher, negro, branco, gay, hétero, trans, jovem, idoso [...]”. Apoiadores de Jair Bolsonaro se irritam com indireta do Burger King e pedem boicote. Presidente também se manifesta, mas comete equívoco

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“Procura-se elenco para comercial. O Burger King está recrutando pessoas para seu novo comercial. Para participar, basta se encaixar nos seguintes requisitos: ter participado de um comercial de banco que tenha sido vetado e censurado nas últimas semanas. Pode ser homem, mulher, negro, branco, gay, hétero, trans, jovem, idoso. No Burger King, todo mundo é bem-vindo. Sempre.”

O comunicado acima foi divulgado pela rede Burger King nesta sexta-feira (3). A ação é uma indireta ao veto de Jair Bolsonaro à propaganda do Banco do Brasil com atores negros, tirada do ar recentemente a pedido do presidente.

Sem citar o nome do banco, mas deixando claro do que se tratava, a ação da lanchonete tinha como objetivo escalar atores boicotados e considerados “fora dos padrões” pelo atual governo.

Em resposta, apoiadores de Jair Bolsonaro ficaram furiosos e criaram uma campanha digital para boicotar a empresa. A hashtag #BoicoteBurgerKing figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter. Pessoas escrevem frases como “Quem lacra não lucra”.

Nas redes sociais, o presidente também decidiu se manifestar. “Qualquer empresa privada tem liberdade para promover valores e ideologias que bem entendem. O público decide o que faz. O que não pode ser permitido é o uso do dinheiro dos trabalhadores para isso. Não é censura, é respeito com a população brasileira”, publicou Bolsonaro.

Bolsonaro erra

Ao contrário do que disse Jair Bolsonaro em resposta ao comunicado do Burger King, o Banco do Brasil não usa recursos públicos nem dos trabalhadores. Trata-se de uma visão equivocada ou de manipulação grosseira do presidente.

Para exercer suas funções, o BB se vale de recursos que capta nos mercados locais e internacionais, não recorrendo ao Tesouro para conceder crédito e exercer atividades correlatas.

Nos casos em que é agente do governo para programas especiais, como os dedicados a produtores de baixa renda, a atividade pode também ser exercida por outras instituições financeiras, inclusive as privadas.

Deve-se lembrar que o BB é uma sociedade de economia mista controlada pela União, que detém a maioria das ações com direito a voto. O banco tem acionistas privados, no Brasil e no exterior. O banco não pode, na forma da lei, receber ordens do presidente.

A suspensão do comercial do BB pode ser considerada, assim, abuso do controlador, sujeitando o infrator às sanções da Lei de Sociedades Anônimas.

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