Redação Pragmatismo
América Latina 30/Abr/2019 às 22:36 COMENTÁRIOS
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EUA oferecem ajuda a quem trocar de lado e apoiar Juan Guaidó

Publicado em 30 Abr, 2019 às 22h36

Mesmo após a neutralização do golpe, Donald Trump lança nova cartada para tentar coagir civis e militares venezuelanos. Presidente dos EUA também faz ameaças a Cuba. Na ONU, Venezuela anuncia fracasso da ofensiva contra Maduro

Donald Trump Venezuela Sanções
Donald Trump (reprodução)

Após o golpe fracassado na Venezuela nesta terça-feira (30), o governo dos Estados Unidos ofereceu alívio nas sanções a aliados de Nicolás Maduro que mudarem de lado e passarem a apoiar o líder de oposição Juan Guaidó, autoproclamado há quase cem dias presidente interino venezuelano.

O afrouxamento das sanções diplomáticas e econômicas inclui medidas impostas à PDVSA, petrolífera da Venezuela que teve seus ativos bloqueados.

Em nota do Departamento do Tesouro americano publicada em inglês e espanhol, o governo Donald Trump afirma que os EUA se unem ao povo venezuelano e a Guaidó “em oposição ao regime ilegítimo de Maduro”.

“O caminho para o alívio das sanções para indivíduos e entidades alinhadas com o ilegítimo regime de Maduro, incluindo instituições como a PDVSA, é mudar seu comportamento e apoiar o líder eleito democraticamente da Venezuela e aqueles que buscam restaurar a democracia”, diz o texto.

A nota do Tesouro americano diz que o caminho para afrouxamento das sanções a aliados de Maduro é justamente a mudança de posição.

John Bolton, assessor de segurança nacional da Casa Branca e expoente da linha-dura do governo Trump contra Maduro, passou a terça publicando comentários nas redes sociais sobre a crise venezuelana.

Segundo ele, “a única rota” para o alívio das sanções a indivíduos e entidades alinhadas a Maduro é “aceitando a oferta generosa de anistia de Guaidó”.

Ameaças contra Cuba

Ainda nesta terça, Donald Trump ameaçou intensificar o embargo sobre Cuba e impor sanções “de maior nível” contra a ilha, se as forças militares e de inteligência cubana que, segundo Washington, estão infiltradas na Venezuela, não cessarem suas operações no país. Cuba nega que haja militares da ilha em solo venezuelano.

“Se tropas e milícias cubanas não cessarem imediatamente suas operações militares e outras com o propósito de causar a morte e a destruição da Constituição da Venezuela, um embargo completo e cheio, acompanhado de sanções do mais alto nível, serão colocados sobre a ilha de Cuba”, escreveu Trump no Twitter.

O presidente ainda afirmou que espera que “todos os soldados cubanos retornarão prontamente e pacificamente à sua ilha”.

Justificativa do fracasso

Nas redes sociais, Bolton tentou justificar o fracasso da ofensiva contra Maduro. “É muito importante que três figuras do regime Maduro que estiveram falando com a oposição nos últimos três meses cumpram seu compromisso de alcançar uma transição pacífica de poder de Maduro para o presidente interino Juan Guaidó”, afirmou.

As ‘figuras’ citadas por Bolton são o ministro da Defesa da Venezuela (chefe das Forças Armadas), Vladimir Padrino, o chefe da Inteligência venezuelana, Ivan Rafael Hernández Dala, e o presidente do Supremo, Maikel Moreno. Segundo Bolton, eles teriam se comprometido a trair Nicolás Maduro, mas não o fizeram.

“Todos concordavam que Maduro tinha de sair”, afirmou. “Eles precisam agir nesta tarde para trazer outras forças militares para o lado do presidente interino”. A expectativa dos EUA não se concretizou e Maduro conseguiu neutralizar o golpe.

O senador republicano Marco Rubio endossou a fala do conselheiro em um post nas redes sociais e acrescentou: “Estou vendo tuítes de apoio a Maduro de alguns oficiais de alta patente na Venezuela que estavam trabalhando para derrubá-lo. Sejam espertos, não atrasados”.

Embaixador na ONU

O embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, afirmou que o governo e todas as instituições conseguiram derrotar mais uma tentativa de tomar o poder. O embaixador ressaltou que nenhuma vida foi perdida durante os confrontos desta terça-feira e que o que aconteceu foi uma “operação midiática”.

“Guaidó está mandando as pessoas serem carnes de canhão nas ruas, está buscando sangue, para ver se gera algum tipo de comoção que possa ser usada nos meios de comunicação”, disse o diplomata.

“A parte militar do golpe acabou. Estamos dissolvendo as pessoas que foram enganadas por estes senhores Guaidó e Leopoldo López”, continuou.

Moncada disse ainda que o que aconteceu na Venezuela nesta terça-feira foi um típico golpe articulado pelos Estados Unidos na América Latina, mas que, desta vez, a ação fracassou.

Outro sinal de que a tentativa de derrubar Maduro não alcançava seu objetivo foi a confirmação, esta tarde, pelo porta-voz da Presidência brasileira, Otávio Rego Barros, de que 25 militares venezuelanos pediram asilo na embaixada brasileira na Venezuela.

O paradeiro de Guaidó não estava claro no final da tarde de terça. Mais cedo, o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, alertou que o Ministério Público está juntando provas contra os “reincidentes nesta tentativa de atividade conspiratória à margem da legalidade”.

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