Redação Pragmatismo
Desigualdade Social 09/Ago/2018 às 21:30 COMENTÁRIOS
Desigualdade Social

Delegado cita “cagalança geral” em despacho para soltar preso; documento viralizou

Publicado em 09 Ago, 2018 às 21h30

Indignado, delegado cita a “cagalança geral” dos poderes públicos para soltar morador de rua preso por defecar em prédio público. Despacho viralizou nas redes sociais

despacho delegado Aldo Lopes
Despacho inusitado do delegado Aldo Lopes fez sucesso nas redes sociais

Um despacho do delegado da Polícia Civil de Natal (RN) Aldo Lopes de Araújo repercutiu nas redes sociais nesta semana. No documento, o delegado é objetivo ao citar a “cagalança geral” dos poderes públicos.

O despacho serviu para liberar um morador de rua que foi preso pela Guarda Municipal depois de ter sido flagrado defecando em uma repartição pública, no último domingo (5/8).

O delegado fez seu relato indignado e teve a sensibilidade de não revelar o nome do morador de rua. “Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade”, escreveu Araújo no documento oficial.

“Trata a presente ocorrência de uma cagalança geral: do prefeito ao secretário, passando pelo diretor do órgão, pelo vigilante de faz-de-conta, pelos membros da Guarda Municipal”, diz trecho do despacho.

Ao jornal Tribuna do Norte, o delegado explicou: “Ele não havia levado nada. Entrou lá só para fazer as necessidades e pronto. E só entrou porque, como em vários prédios públicos, os vigias não vigiam nada”.

O prédio em que o morador defecou foi um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), que estava fechado. “O conduzido é morador de rua, e não achou lugar melhor para dar de corpo, cagar, como se diz no idioma espontâneo do povo. Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade. Ele não tem casa nem privada onde “arriar o barro”, como se diz lá em nós”.

Ao portal G1, o delegado Aldo Lopes explicou que fez uso de um vocabulário mais popular por ter se sentido inconformado com o fato “de um homem simples, abandonado pelo poder público”, ter sido levado para a delegacia por ter usado, “justamente um espaço público e que também não tem recebido os cuidados necessários”, para aliviar suas necessidades fisiológicas.

“Não admito injustiças. As coisas precisam ser melhor apuradas, melhor investigadas. É inadmissível que eu, em um plantão de fim de semana, tenha que perder tempo com uma coisa dessas. Por que ninguém pula o muro da sua casa para cagar? Porque você toma conta, zela pela sua residência, pela higiene e segurança dela. E deveria ser assim também com a coisa pública, que ninguém zela, que ninguém cuida”, desabafou.

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