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Mulheres violadas 18/Abr/2018 às 13:16 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Eduardo Bolsonaro: "Sua otária. Se falar mais eu acabo com sua vida"

Publicado em 18 Abr, 2018 às 13h16

"Sua otária. Se você falar mais eu acabo com sua vida. Tinha que ter apanhado mais para aprender a ficar calada". Jornalista divulgou vídeo que rebate tentativa do deputado de se 'vitimizar'. Veja a denúncia da Procuradoria Geral da República contra Eduardo Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro Patrícia Lélis
Eduardo Bolsonaro e Patrícia Lélis

A Procuradoria Geral da República abriu denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) por ter ameaçado a jornalista Patrícia de Oliveira Souza Lélis, sua ex-assessora, em julho de 2017.

A peça enviada pela procuradora-geral Raquel Dodge ao Supremo reúne reprodução de conversas entre os dois no Telegram, aplicativo concorrente do Whatsapp que tem entre suas principais ferramentas uma que permite a destruição automática das mensagens conforme período pré-estabelecido.

A operadora do telefone registrado nas conversas confirmou que ele está vinculado a Bolsonaro desde 12/12/2013. Raquel Dodge considerou ser ‘clara a intenção do acusado de impedir a livre manifestação da vítima, valendo-se de ameaça para tanto’.

A desavença pública entre os dois começou após Eduardo publicar em seu perfil no Facebook um desabafo a respeito de uma ex-namorada que, nas palavras dele, “trocou roupas recatadas por danças sensuais”, depois de ter rompido com ele para sair com um médico cubano. “Feminismo é uma doença”, escreveu o deputado.

Patrícia respondeu nas redes sociais que viveu uma relação afetiva abusiva com o deputado por três anos. Segundo ela, foi depois disso que eles trocaram as seguintes mensagens que embasaram a denúncia criminal:

(Eduardo) — Sua otária! Quem você pensa que é? Tá se achando demais. Se você falar mais alguma coisa eu acabo com a sua vida.

(Patrícia) — Isso é uma ameaça?

(Eduardo) — Entenda como quiser. Depois reclama que apanhou (sic). Você merece mesmo. Abusada. Tinha que ter apanhado mais pra aprender a ficar calada. Mais uma palavra e eu acabo com você! Acabo mais ainda com sua vida.

(Patrícia) — Eu estou gravando.

(Eduardo) — Foda-se. Ninguém vai acreditar em você. Nunca acreditaram. Somos fortes. Vai para o inferno, puta. Você vai se arrepender de ter nascido. O aviso está dado… mais uma palavra e eu pessoalmente vou atrás de você.

(Patrícia) — Tchau.

(Eduardo) — Vagabunda

(Patrícia) — Resolvemos na justiça. É a melhor forma

(Eduardo) — Enfia a justiça no cú

BOLSONARO TENTOU DELETAR MENSAGENS

No pedido para que a denúncia seja aceita, Raquel Dodge diz aos ministros que Eduardo Bolsonaro “era plenamente capaz à época dos fatos, tinha consciência da ilicitude e dele exigia-se conduta diversa”.

“Relevante destacar que o denunciado teve a preocupação em não deixar rastro das ameaças dirigidas à vítima alterando a configuração padrão do aplicativo Telegram para que as mensagens fossem automaticamente destruídas após 5 (cinco) segundos depois de enviadas. Não fossem os prints extraídos pela vítima, não haveria rastros da materialidade do crime de ameaça por ele praticado”, observou.

Para a procuradora, Eduardo Bolsonaro tentou desmoralizar Patrícia com agressões verbais: “A conduta ainda é especialmente valorada em razão de o acusado atribuir ofensas pessoais à vítima no intuito de desmoralizá-la, desqualificá-la e intimida-la (‘otária’, ‘abusada’, ‘vai para o inferno’, ‘puta’ e ‘vagabunda’).”

SAIBA MAIS

Em julho do ano passado, assim que o caso veio à tona, Eduardo disse ser vítima de uma montagem. “Nunca namorei, saí, beijei ou segurei na mão dessa pessoa. Por favor, alguém realmente acreditou nesse print montado?”. Relembre aqui.

A jornalista Patrícia Lélis divulgou em sua página no Facebook vídeos que mostram as mensagens trocadas com Eduardo Bolsonaro e rebatem a tentativa do deputado de se ‘vitimizar’:

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