Redação Pragmatismo
Política 14/Mar/2018 às 22:37 COMENTÁRIOS
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Tristeza de Dilma e alfinetada em Ciro Gomes – os detalhes do novo livro de Lula

Publicado em 14 Mar, 2018 às 22h37

Em novo livro, Lula conta que Dilma demonstrou tristeza logo após ser declarada vitoriosa na reeleição de 2014. "Foi a primeira vez que vi uma pessoa ganhar a eleição triste, inquieta". Na obra, o ex-presidente fala ainda sobre Ciro Gomes, Boulos, Dirceu e Palocci. Leia trechos

novo livro de Lula verdade vencerá

A Verdade Vencerá – o povo sabe por que me condenam“, novo livro do ex-presidente Lula, será lançado nesta sexta-feira (16), em São Paulo, e é uma coletânea de entrevistas inéditas que foram realizadas recentemente por Juca Kfouri, Maria Inês Nassif, Ivana Jinkins e Gilberto Maringoni.

Em uma das três entrevistas que deram origem ao livro, Lula conta que Dilma Rousseff demonstrou tristeza logo após ser declarada vitoriosa na disputa eleitoral de 2014.

“Quando a Dilma ganhou em 2014, eu estive com ela, senti a Dilma triste no dia da vitória. Saímos conversando da casa dela para o hotel onde ela foi fazer o pronunciamento, eu convencido de que era a primeira vez que via uma pessoa ganhar triste, inquieta. A sensação que tive foi de que ela não tinha gostado de ganhar. Estava visivelmente irritada, não sei se pela vitória apertada; mas a vitória apertada é mais gostosa do que qualquer outra coisa!”, relatou Lula.

Naquela eleição, Dilma superou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno, na disputa mais apertada desde a redemocratização. Ela obteve 51,64% dos votos válidos contra 48,36% para o tucano, uma diferença de apenas 3,4 milhões de votos. A campanha foi marcada pelo tom agressivo, principalmente nos debates na televisão.

Prisão

No livro, questionado por Juca Kfouri, Lula fala sobre a possibilidade de se exilar em uma embaixada amiga em vez de aceitar passivamente a prisão. O ex-presidente admite estar pronto para enfrentar a prisão e nega a possibilidade de fuga: “Olha, conheço companheiros que ficaram 15 anos exilados e não tiveram voz aqui dentro, no Brasil”.

Kfouri volta ao assunto com mais ênfase. “O senhor está cogitando a hipótese de ser preso?” Lula afirma: “Estou. O que não estou é preparado para a resistência armada, nem tenho mais idade. Como sou um democrata, nem aprender a atirar eu aprendi”.

“O preço que vai ser pago historicamente é a mentira contada agora. Eles querem prender? Prendam, paguem o preço”, completa Lula.

Na sequência a editora Ivana Jinkings indaga: “Como é que se prepara o espírito para isso?” “Eu não preparo o espírito”, diz Lula. “Eu sou um homem de espírito leve. Tudo isso faz parte da história (…) Há duas instâncias superiores a que a gente pode recorrer e vamos recorrer. Eles vão tomar a decisão e estou pronto para ser preso. É uma decisão deles.”

Confira, abaixo, outros trechos do livro ‘A Verdade Vencerá – o povo sabe por que me condenam’:

Dilma e o impeachment. Lula defende Dilma como quadro técnico e como ministra, mas afirma que ela cometeu erros na política “talvez pela pouca vontade que ela tinha de lidar com a política; muitas vezes ela não fazia aquilo que era simples fazer.” No processo do impeachment, por exemplo, o ex-presidente afirma que “em nenhum momento” foram feitas reuniões com as bancadas de partidos, mas apenas com parlamentares individualmente. Com isso, o governo achou que teria votos suficientes para barrar o impeachment.

Ciro Gomes. “Só acho que o Ciro faz parte de um grupo seleto de pessoas que sabem tanto das coisas que nem perguntam para a gente ‘como vai?’, porque já sabem como a gente vai […] ele é inteligente até certo ponto, porque, se fosse inteligente mesmo, estaria defendendo o PT, se acredita que não vou ser candidato […] ninguém será candidato pela esquerda sem o apoio do PT.”

Whisky com Temer. Lula revelou que tomou um whisky com Temer quando o peemedebista começava a simpatizar com a ideia do golpe: “Tomamos um whisky juntos e tentei convencê-lo a entrar em acordo com Dilma”.

Guilherme Boulos. Lula disse que admira Boulos, mas lamenta que ela tenha escolhido o PSOL: “A única coisa que lamento é que você, com o sonho que tem na cabeça de um partido político, tenha entrado no PSOL. Não deveria. Você deveria construir uma coisa nova.”

José Dirceu. “Eu acho que o José Dirceu é um guerreiro. É um homem de muita dignidade e é um companheiro que soube enfrentar de cabeça erguida todo esse processo que está sofrendo.”

Antonio Palocci. “Eu tenho pena do Palocci. Por que eu vou ter raiva dele? Eu tenho uma tese antiga. Delator só delata porque roubou. Quem delata é porque quer fazer negócio.” Palocci estaria negociando há quase um ano um acordo de delação premiada com autoridades.

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