Corrupção

Quem são as filhas de militares que burlam o sistema para viver da pensão do pai?

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Filhas de militares que passam a vida pagando suas contas com o dinheiro público são contra o bolsa família. Que tipo de gente burla o sistema fingindo não ter outra renda para receber a pensão do pai, já falecido, apoiada numa lei de 1958 que já foi revogada? É importante frisar que tem gente recebendo R$20 mil

Maitê Proença (reprodução)

Lia Bock, em seu blog

Fico me perguntando quem são as mulheres, filhas de militares e servidores públicos que passam a vida pagando suas contas com o dinheiro público. Por certo é gente que é contra o Bolsa Família e qualquer tipo de assistencialismo que, muito provavelmente, consideram um abuso, uma folga.

Quem são essas mulheres, meu deus? Elas não têm vergonha? Que tipo de gente burla o sistema fingindo não ter outra renda para receber a pensão do pai, já falecido, apoiada numa lei de 1958 que já foi revogada, mas que, vejam, segue valendo? Mulheres que na vida real se casaram (na igreja, com pompa, mas não no civil, claro), tiveram filhos e muito provavelmente foram diversas vezes a Paris. Mulheres que trabalham e ganham seu dinheiro ou têm marido rico, mas têm a pachorra de entrar com liminar na justiça pra seguir ganhando o “dinheirinho” do papai. Aqui é importante frisar que tem gente recebendo R$20 mil!

Algumas dessas mulheres aliás, já são senhoras (e famosas). Como a atriz Maitê Proença, filha de um procurador de Justiça. Nesta reportagem da Revista Época (2013) lemos inclusive que ela chegou a perder a pensão na justiça, já que viveu com o empresário Paulo Marinho por 12 anos com quem teve uma filha. Fora que a gente bem sabe que ela trabalha e tem uma boa renda, né amores?! E daí lemos: “A SPPrev cortara o benefício, sob a alegação de que a atriz vivera em união estável”. Maitê recorreu, obteve sentenças favoráveis em primeiro grau e no Tribunal de Justiça. Mantém a pensão, ainda em disputa. Segundo seu advogado, Rafael Campos, Maitê “nunca foi casada nem teve união estável” com Marinho. “O poder público não pode rever seus atos a qualquer momento, senão viveremos numa profunda insegurança jurídica”, diz.

Insegurança jurídica. Durmam com essa.

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Voltando para o mundo real. Penso que Maitê e essas senhoras se assemelham à minha vizinha que hoje mora com o filho e a neta porque já não tem como pagar o aluguel sozinha. Senhoras, como as mães ou avós de muitos de nós, que vivem da nossa ajuda ou que vivem apertadas com a pequena pensão fruto de um trabalho de muitos anos. Mas essas não. São filhas de militares, de servidores, e merecem um tratamento diferente.

Eu pergunto: por quê?

Num mundo em que brigamos por salários e direitos iguais não há mais espaço para esse tipo de coisa. O mundo mudou, minhas senhoras. Mudemos com ele. Façam como a grande maioria da população e encarem seus boletos de frente, com dignidade, aflição e coragem.

Hoje, a Justiça precisa ir atrás de quem está recebendo o beneficio de forma irregular e parece ter uma enorme dificuldade de cortar a mamata. Pois é… é chato mexer com gente rica, né? Existem liminares sendo concedidas por juízes do Supremo para que essas pensões sejam mantidas.

Mas sigo me perguntando: quem são essas mulheres? Elas precisam mesmo desse dinheiro? Elas merecem esse benefício exatamente porquê?

Os números da reportagem da Folha de S. Paulo, mostram que só a interrupção do pagamento dos casos mais escabrosos representaria uma economia para a União de R$ 2,2 bilhões em quatro anos. O texto todo traz informações de revirar o estômago.

É muito chocante que um país com tanta desigualdade, com cortes significativos na Educação, na Cultura e na Segurança Pública não reveja os privilégios dos que sempre foram privilegiados. Ah, claro, somos um dos únicos países do mundo com esse tipo de benefício para as princesinhas do papai.

Mulheres que estudaram em boas escolas, que cursaram faculdade de ponta, que viajaram o mundo e não conseguem se sustentar? Do alto da minha petulância eu diria: “esse não é um problema nosso, madame. Se vira nos trinta”.

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