Redação Pragmatismo
Educação 24/Nov/2017 às 15:46 COMENTÁRIOS
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Cantora surpreende ao criticar proposta do Banco Mundial de corte na Educação

Publicado em 24 Nov, 2017 às 15h46

Cantora Anitta é elogiada após postagem irônica em que comenta a sugestão do Banco Mundial de cortes na educação brasileira. Instituição financeira chegou a sugerir o fim do ensino público gratuito no Brasil

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O Banco Mundial divulgou na última terça-feira (21) um relatório que sugere acabar com o ensino superior gratuito no Brasil.

A medida representaria um retrocesso diante do processo de democratização da universidade pública e dos avanços em educação, ciência e tecnologia no país.

Tal sugestão segue caminho oposto da experiência de países desenvolvidos que privatizaram as universidades e voltaram atrás por conta do aumento do endividamento estudantil.

Diante do absurdo da proposta, uma cantora brasileira surpreendeu ao publicar uma das críticas mais compartilhadas no Twitter.

“Entendi… precisamos cortar custos. Por onde começamos? Ah, educação, claro. Genial!”, ironizou Anitta. “É como se eu fosse avisada pelo meu financeiro que preciso cortar custos, e ao invés de maneirar no jatinho particular, eu corto a verba de divulgação das músicas”, continuou.

“O Brasil está sem grana por que? Por que não começamos cortando custos de onde essa história começou: diminuindo auxílios parlamentares, por exemplo…”, escreveu a cantora, cujo comentário foi mais compartilhado do que suas interações habituais.

Anitta referia-se à dinheirama gasta por Michel Temer com emendas parlamentares. Apenas para se livrar das duas denúncias na Câmara, estima-se que o presidente tenha liberado pelo menos R$ 100 bilhões de dinheiro público.

O relatório

A proposta de cobrança de mensalidade em universidades públicas, que consta do relatório do Banco Mundial, não agradou a comunidade acadêmica.

O vice-reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Claudio da Nóbrega, criticou o documento e defendeu a gratuidade do ensino superior para toda a população.

Uma pesquisa do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), publicada em 2016, revela que, em 2014, 51,4% dos estudantes de graduação nas Universidades Públicas Federais pertenciam a famílias com renda bruta de até três salários mínimos.

O estudo do Fórum revela ainda que apenas 10,6% integravam famílias com renda bruta superior a dez salários mínimos. Pelo relatório do Banco Mundial, por exemplo, os estudantes que frequentam universidades públicas no Brasil tendem a ser de famílias mais ricas.

Com base nesse estudo do FONAPRACE, o vice-reitor da UFF disse que a leitura do relatório mostra premissas equivocadas e análise superficial do tema Educação e do papel das Universidades.

“Neste cenário, qual seria um valor de mensalidade suportável para famílias com este perfil de distribuição de renda? E, como consequência, qual seria o efetivo impacto da cobrança de mensalidades no financiamento das Instituições? Os números mostram, portanto, que tal cobrança seria excludente e não contribuiria de forma significativa para o custeio das Universidades”, afirmou Antonio Claudio da Nóbrega.

Outro trecho do relatório do Banco Mundial revela que “em média, um estudante em universidades públicas no Brasil custa de duas a três vezes mais que alunos das instituições privadas.”

Para o vice-reitor da UFF, “certamente! Pois é nas universidades públicas onde se desenvolvem pesquisas científicas, são gerados o conhecimento do país e as inovações para a sociedade. Para isso, são necessários laboratórios e equipamentos, muitos deles sofisticados, com alto custo de aquisição e manutenção. É assim em todo o mundo. Desse modo, ignorar a produção de conhecimento numa sociedade de conhecimento é no mínimo desconhecer o papel da universidade pública para o desenvolvimento do país de forma autônoma e soberana”.

Antonio Claudio da Nóbrega criticou ainda a parte do relatório do Banco Mundial que trata do tema financiamento da educação no país.

Para ele, “conceitos fundamentais são ignorados. Primeiro, educação não é gasto, é investimento, pois retorna ao país na forma de profissionais e cidadãos mais preparados para serem agentes do seu próprio desenvolvimento e do país como um todo. Segundo, a sociedade já paga pelo ensino público através da arrecadação de impostos e, diga-se de passagem, com uma carga tributária sem percepção proporcional de retorno sob a forma de serviços públicos”.

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