Redação Pragmatismo
Economia 15/Ago/2017 às 12:39 COMENTÁRIOS
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Hotel de 105 andares na Coreia do Norte não recebe hóspede há 30 anos

Publicado em 15 Ago, 2017 às 12h39
hotel de 105 andares Coreia do Norte

Um hotel inacabado com 330 metros de altura e 105 andares que nunca recebeu nenhum hóspede.

Trata-se do Ryugyong, mais popularmente conhecido como Edifício 105, localizado no centro da capital da Coreia do Norte, Pyongyang.

Sua cúpula pontiaguda e sua forma piramidal o transformaram em um cartão postal, podendo ser visto de qualquer ponto da cidade.

Construído na década de 90 para refletir a pujança da Coreia do Norte, o hotel consumiu US$ 750 milhões (ou 2% do PIB do país) e nunca foi acabado.

Como resultado, o Ryugyong tornou-se símbolo do fracasso da economia norte-coreana e motivo de constrangimento para o regime comunista.

Mas como o local que pretendia ser o hotel mais alto do mundo acabou se tornando o edifício abandonado mais alto do mundo?

Ambições frustradas

A construção do edifício começou em 1987, um ano depois de a companhia sul-coreana SsangYong Group ter terminado o que até então era o hotel mais alto do mundo: o Westin Stamford, em Cingapura.

O governo norte-coreano pensou no Ryugyong como uma forma de atrair investidores ocidentais e anunciou que o local abrigaria cassinos, casas noturnas e salões japoneses.

A expectativa era de que, dois anos mais tarde, o hotel estaria terminado, mas alguns problemas com os métodos de construção e os materiais empregados frearam a construção, que parou por completo em 1992 devido à pior crise econômica do país, impulsionada pelo fim da União Soviética (URSS), de quem recebia ajuda.

Durante mais de uma década, o inacabado e vazio arranha-céu, com um guindaste enferrujado em seu topo, se tornou uma lembrança das ambições frustradas da Coreia do Norte.

Alguns analistas dizem, inclusive, que a presença do edifício se tornou motivo de vergonha para as autoridades do país e vários artigos em jornais o classificaram como uma construção medíocre.

Por causa da baixa qualidade dos materiais empregados e da falta de medidas de segurança, uma delegação da Câmara de Comércio da União Europeia na Coreia do Norte que examinou o hotel chegou a defini-lo como o “pior edifício do mundo“, e disse que não havia o que fazer para consertá-lo.

O local foi descrito como “hotel maldito” ou “hotel fantasma” pela imprensa. A revista americana Esquire o classificou como “o pior edifício da história da humanidade“.

Reforma e falsas esperanças

Mas em 2008, 16 anos depois de ter sido abandonado, Orascom Telecom, um conglomerado de telecomunicações egípcio, começou a reconstruí-lo “em parceria com uma empresa local“, como parte de um plano de larga escala para “embelezar a cidade“, incluindo novas vias, teatros e fachadas de edifícios.

A Orascom Telecom firmou um contrato de US$ 400 milhões com o governo norte-coreano e investiu mais de US$ 180 milhões para consertar o gigantesco hotel.

Um exército de 2 mil operários começou a colocar painéis de vidro para cobrir o cimento cinza da torre e colocaram os anéis em seu topo onde, supostamente, haveria um restaurante giratório, segundo declarou o chefe de operações da Orascom, Khaled Bichara.

E em setembro de 2012, a mesma companhia egípcia revelou, pela primeira vez, imagens do interior do edifício.

As fotos mostravam um cenário de desterro – fiação exposta, canos, vigas e um misturador de cimento.

Apesar disso, a Orascom Telecom disse que o hotel abriria as portas “em dois ou três anos“.

Mas a promessa já havia sido feita – e não cumprida – pelas autoridades norte-coreanas em 2012, coincidindo com o aniversário de nascimento de Kim Il-sung, fundador do país.

Já a operadora de hotéis Kempinski Group, encarregada de administrar o hotel, informou que o Ryugyong estaria em funcionamento em meados de 2013.

Finalmente, em dezembro de 2016, sua cúpula iluminada chegou a alimentar esperanças, que se provaram falsas.

30 anos depois

Neste ano, 30 anos depois do início de sua construção, o hotel continua sem abrir as portas. Mas sua história pode não estar próxima do fim.

A reforma do Ryugyong tem sido uma prioridade na agenda do atual líder do país, Kim Jong-um, e algumas fases do projeto chegaram a ser finalizadas desde que ele tomou o poder, em 2011.

Durante a última semana de julho, as autoridades retiraram os tapumes que rodeavam as obras do edifício e colocaram um outdoor com a mensagem: “A poderosa nação do foguete”.

Um dia depois, a Coreia do Norte fez seu segundo teste com um míssil de longo alcance, gerando tensão ao redor do mundo.

Duas passarelas conduzem o visitante à entrada do hotel. Mas continua sendo um mistério quando o Ryugyong dará as boas vindas ao primeiro hóspede.

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