Redação Pragmatismo
Geral 27/Abr/2017 às 14:41 COMENTÁRIOS
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O pacto de morte concretizado por um casal de jovens

Publicado em 27 Abr, 2017 às 14h41

Polícia trabalha com a hipótese de 'pacto' para explicar morte de casal em São Paulo. Conteúdo de agendas e diários encontrados no local reforçam tese. Corpos de jovens de 18 e 19 anos foram encontrados em quarto de hotel de luxo

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Luis Fernando Hauy Kafrune e Kaena Novaes Maciel teriam realizado pacto de morte, afirma polícia

A morte dos estudantes Luis Fernando Hauy Kafrune, de 19 anos, e Kaena Novaes Maciel, de 18, intriga os investigadores da Polícia Civil.

Apaixonados, os dois haviam reatado um relacionamento de dois anos recentemente. Eles foram encontrados mortos em um quarto de hotel de luxo na região central de São Paulo.

A polícia trabalha com a hipótese de ‘pacto’ para explicar a morte dos estudantes.

Segundo as investigações, o casal se hospedou no Maksoud Plaza, na Bela Vista, no dia 16 de abril. O rapaz teria dado um tiro na cabeça da namorada e, em seguida, se matado.

Policiais militares e peritos criminais informaram que a porta do quarto teve de ser arrombada e uma mesa colocada como barricada dificultou a entrada dos agentes.

A arma estava em uma das mãos de Kafrune. Os dois estavam deitados de lado na cama e havia muito sangue no local.

Os peritos não encontraram sinais de agressão nos corpos e apreenderam diários e agendas com conteúdo que sugere um pacto entre o casal. Em uma das cartas consta uma espécie de roteiro “para aproveitar a morte”.

Em uma delas, Kaena escreveu: “Sei que estou fazendo todos sofrerem, mas isso é necessário para que eu pare de sofrer, obrigada por tudo que vocês fizeram por mim”.

O Maksoud Plaza informou que está colaborando com as investigações e cedeu à polícia imagens das câmeras de segurança que mostram o casal passando pela porta giratória.

O jovem está de mochila e Kaena segura um chapéu de papelão em forma de coroa de uma rede de lanchonetes.

Rastreados

Investigadores do 5.º DP (Aclimação), responsáveis pelo caso, apuraram até agora que a arma do crime – uma pistola calibre 380 – pertence ao padrasto de Kaena, que é policial civil aposentado.

Ele disse na delegacia que, no domingo pela manhã, os dois foram até a sua casa, no Jardim Morumbi, zona sul, e disseram que iriam passear em um shopping.

Assim que o padrasto foi à padaria, o casal saiu e levou a arma. Ao retornar, o policial não encontrou ninguém na residência.

O padrasto da jovem acionou, então, um aplicativo para rastrear o celular dela. O programa indicou que o aparelho estava no Maksoud Plaza.

O pai de Kafrune foi avisado e entrou em contato com o hotel, que confirmou a hospedagem do casal. Depois de várias tentativas de chamar os jovens, os funcionários decidiram arrombar a porta, após a chegada do pai e do padrasto.

Motivação

Por conta do mistério que envolve a motivação do crime, o delegado orientou os investigadores a rastrearem as redes sociais do casal, e pegarem os depoimentos de familiares para traçarem o perfil de Luis e Kaena. O objetivo é saber o que teria levado os dois a decidirem morrer.

“Vamos ver se eles teriam se valido desses métodos para praticar o suicídio”, disse Contrera, se referindo ao “jogo da Baleia Azul” e à série “13 Reasons Why”, da Netflix.

O “jogo da Baleia Azul” é disputado pelas redes sociais e propõe 50 missões aos adolescentes, como bater fotos assistindo filmes de terror, automutilar-se, ficar doente e, por fim, cometer suicídio. O fenômeno que aparentemente começou na Rússia se espalhou e chegou ao Brasil, com suspeitas de casos ocorridos no Mato Grosso e na Paraíba.

A série “13 Reasons Why”, baseada no livro homônimo de Jay Asher, conta a história da adolescente Hannah, que se mata e deixa 13 fitas gravadas para 13 pessoas que ela acredita serem as responsáveis por seu suicídio.

Pacto de morte?

Mas, afinal, o que leva um casal a fazer um pacto de morte? Segundo Maria Rita D’Angelo Seixas, doutora em Psicologia, terapeuta familiar e professora aposentada da Unifesp, isso poderia ser consequência de um romantismo exacerbado, associado a algum problema que eles consideravam incontornável e com potencial para separá-los.

Ainda de acordo com a doutora, os jovens e adolescentes são mais suscetíveis a essas atitudes. “Não sei se eles tinham religião, mas a romantização de um amor eterno, que permanece após a morte, é algo que pega muitos jovens. Eles estão no início da vida afetiva e muitas vezes têm a fantasia de que a primeira paixão é para toda a vida”, disse, em entrevista à revista Exame.

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